Após o tsunami Ptlomeu I, II e III, pequenos tremores provocados por uma onda de Fake News e uma avalanche de achismo, toma conta dos corredores das secretarias e até do famoso Senadinho, na esplanada da secretaria de planejamento, onde se comenta tudo sobre política no Acre.
Para se ter uma ideia dos devaneios sobre o assunto, até a visita da presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, na manhã desta terça-feira, dia 21, a Cruzeiro do Sul, foi alvo da boataria, comentada ‘sigilosamente’ como mais um capítulo da investigação em curso com foco em um suposto esquema de desvio de recursos públicos no governo do Acre.
A famosa rádio peão não deixou de fora nem a vice-governadora Mailza Assis, acusada de comandar um governo paralelo, diante da possibilidade de afastamento do governador Gladson Cameli. Sem dúvidas, mais um factoide na lista colossal que circula na internet na tentativa de desestruturar o Palácio Rio Branco.
Luz no limbo!
O acesso aos autos da fase III da Operação Ptolomeu, que esclareceu a negativa por parte do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal de Justiça sobre o pedido de afastamento do governador, feito pela Polícia Federal, é a única luz em meio a esse emaranhado de desinformações.
Não que a possibilidade de afastamento do governador esteja descartada ou que tais decisões amenizem a gravidade da situação. Ressalta-se o aprofundamento do debate com base nas provas levantadas pelos federais, fundamental ao contraditório e imprescindível também, à pratica do jornalismo investigativo. Há casos em que um conjunto probatório garante a inocência de uma pessoa com algum tipo de acusação.
Mesmo diante de tantos terremotos o governador Gladson Cameli tem apresentado muita confiança na Justiça e nenhum embaraço as investidas demandadas pelo judiciário. Quem conhece a vice-governadora Mailza Assis sabe que uma das coisas que ela tem feito nessa crise é dobrar os joelhos e orar.
Por falar em oração, essa semana li tantas ideias do céu e do inferno relacionadas a III fase da Operação Ptolomeu que o ideal seria escrever o sermão do Padre Antônio Vieira, sobre Santo Antônio, escrito no Maranhão, no ano de 1654.
Não sei qual a inspiração, mas, convenhamos, na tentativa de satanizar os citados no processo, nunca se relacionou tanto religião com política. Alguns conteúdos publicados na internet nos remeteram ao banco do catecismo com o bem e o mal tencionados de um lado para o outro.
Nessa politização de tudo e de todos, a sociedade parece ter sido cortada em pedaços “bons” e “maus”. É como se no lado da Igreja, supomos não haver pecados e, do lado da política, não existiria chance alguma de salvação. Nada contra os que acreditam que textos sagrados podem ajudar a influenciar a vida pública, quem sabe surgem novos iluministas nesse processo.
Papel maquiavélico da mídia?
As deformidades estão por toda parte, ativistas digitais sem nenhuma estratégia organizada, na tentativa de mostrar serviço, tentaram colocar em xeque a operação da Polícia Federal, instituição que só age quando demandada pela Justiça. Puro amadorismo.
Na verdade, somos contemporâneos do surgimento de novas tendências na produção noticiosa. O que antes era parâmetro, hoje é colocado de lado. Impressiona o discurso cego das redes sociais que tira o direito constitucional da presunção de inocência, e que malandramente abandona “o ouvir o outro lado”.
Entre um gole e outro de cafezinho lembrei que a cidade do México fica em cima de uma falha geológica que faz com que ela esteja submetida sempre a pequenos terremotos de baixa intensidade. Da geologia para a política, o governo do Acre vive situação análoga.
Bom saber que projetado pelo arquiteto alemão, Alberto Massler, o Palácio Rio Branco tem uma edificação forte inspirada na arquitetura grega do período neoclássico. Vai suportado os ‘abalos sísmicos’.
E com relação o sermão do Padre Antônio Vieira, sobre Santo Antônio, intrinsecamente tem tudo a ver com o que vivemos no mundo, no Brasil e no Acre. O conselho fala sobre o efeito do sal na terra que é o de impedir a corrupção. A reflexão busca esclarecer a causa da corrupção.
Ou o sal não salga ou a terra não se deixa salgar.
Jairo Carioca é jornalista e assessor de imprensa