Os dados disponibilizados pelos institutos de pesquisas contratados por veículos de comunicação, nem sempre refletem o que verdadeiramente pensam os eleitores. Quanto menos informações divulgadas, maiores são os riscos da tentativa de manipulação da opinião pública.
Nem sempre os dados de uma pesquisa publicados nos veículos de comunicação refletem o que o eleitor verdadeiramente pensa sobre um candidato. Especialistas alertam para os riscos da tentativa de manipulação de dados, o uso dessas informações nas eleições municipais deste ano, que tem como principal cabo eleitoral a inteligência artificial (IA).
Segundo pesquisa do DataSenado, 45% dos brasileiros acreditam que os conteúdos das redes sociais contribuem para a decisão final do voto. No mundo conectado, o desafio digital se transformou na grande batalha da comunicação eleitoral que se deparara com a ‘bipolaridade’ das narrativas. Notícias falsas, conspiratórias, tendenciosas ou que priorizam a desinformação, disputam espaços com os fatos relevantes e de robusto conhecimento.
Como analisar uma pesquisa eleitoral?
Existem práticas e problemas que podem comprometer a qualidade dos resultados de uma pesquisa quantitativa. “Quanto menos detalhes sobre sua metodologia o instituto divulgar, se atendo apenas ao que é minimamente obrigatório segundo o TSE, mais cuidado deve-se ter com relação às suas pesquisas", afirma Raphael Nishimura, membro da Associação Americana para Pesquisa de Opinião Pública (AAPOR) e diretor de amostragem na Universidade de Michigan.
Nishimura chama atenção ainda para o que não é publicado, o que rola, por exemplo, nos bastidores, onde marqueteiros e assessores se debruçam nos dados das chamadas pesquisas “quali”, informações que revelam exatamente o que pensa o eleitor com relação à cada candidato.
O especialista não desqualifica o papel das pesquisas quantitativas, pelo contrário, afirma ser um conteúdo valioso para o eleitor que enxerga esses dados como uma fotografia do cenário político do momento, mas, alerta para fatores extras, além do campo de análise.
“O contexto político é dinâmico e o voto dos eleitores é influenciado por fatores que as pesquisas muitas vezes não conseguem captar, especialmente aqueles que surgem nos momentos finais do pleito” adverte.
Prudência, portanto, é a palavra-chave para as primeiras semanas de campanhas eleitorais. Esse é o momento em que o ‘corpo a corpo’ capta os desejos e as frustações do eleitor. Se por um lado o marqueteiro define o tamanho da camisa que seu candidato vai usar, o eleitor também começa a definir qual camisa vestir, se de continuidade ou de oposição.
O que tem motivado o debate sobre pesquisas eleitorais é a disparidade entre os resultados finais das urnas e o das pesquisas, especialmente, nos divulgados nas últimas eleições no Brasil. E no Acre não tem sido diferente, a guerra dos números é tema de debates entre os candidatos, especialmente, os que iniciam em desvantagem de acordo os dados coletados.
Há muito as campanhas eleitorais saíram do campo amador. Vence quem apresentar melhor narrativa, quem tiver melhor estratégia de desconstrução dos adversários e conquistar os votos indecisos.
Campanha eleitoral é comunicação.
Jairo Carioca é jornalista, escritor e assessor de imprensa. Colabora semanalmente com o NH.