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Papo de Cafezinho - Por Jairo Carioca

Pré-campanha municipal nas redes sociais é um lixão a céu aberto

Pré-campanha municipal nas redes sociais é um lixão a céu aberto

Bocalom, Marcus Alexandre, Alysson Bestene, Emerson Jarude seguem inspirados nos “candidatos tiktokers”. Jéssica Sales faz pré-campanha sem pisar os pés em Cruzeiro do Sul, aposta tudo nos 4 segundos de fama das redes sociais. No vale tudo da internet vale até o mico de imitar morto.

A postagem do vereador de Rio Branco Fábio Araújo (MDB) imitando o idoso Paulo Roberto Braga, 68 anos, levado sem vida a um banco pela sobrinha – caso de repercussão nacional – mostra como a pré-campanha municipal se tornou em um grande lixão nas redes sociais.

Na tentativa de fisgar o interesse de usuários do Tik Tok e Instagram vale até pagar mico. Usando um termo bem popular, Araújo ‘apanhou’ mais que cachorro em mudança por tamanha falta de criatividade e a escolha de um tema sensível.

O conteúdo descartável protagonizado pelo vereador emedebista é a ponta do iceberg. Uma triste realidade que domina o cenário das eleições municipais no campo proporcional e majoritário. Enquanto a bala corre solta pela periferia, a ausência do debate em pautas de interesse público nos dar a sensação de tempo pedido.

Observamos um vale tudo para prender a atenção do usuário. Um roteiro que faz parte da rotina dos nossos pré-candidatos majoritários. Bocalom no estilo vozão saudável, Marcus Alexandre, o Salvador da Pátria que vai resolver todos os problemas da capital, o britânico Emerson Jarude, a agenda institucional de Alysson Bestene, todos estão inspirados no sucesso dos “candidatos tiktokers” seguem fielmente a orientação de seus marqueteiros: “quem não é visto, não é lembrado”.

Na segunda maior cidade do estado – Cruzeiro do Sul – Jessica Sales, ex-deputada federal, tem feito pré-campanha sem pisar nos barrancos do rio Juruá, se lançou pré-candidata em um balneário de Brasília. O pai, conhecido pelo jargão de “Leão do Juruá” é quem fala pela filha.

Nessa interface, considerado por especialistas como um caminho sem volta nas eleições deste ano, parece não importar o conteúdo, vale o mico de imitar morto ou um estilo Odorico Paraguaçu. A mensagem que se deseja passar via plataformas digitais é tão importante, ou até mais, quanto o número de seguidores online, o total de curtidas e engajamento.

Fama que dura o gole de café quente – pouco mais de 4 segundos – tempo que o internauta em média leva para passar o dedo na tela e avançar.

Jairo Carioca é jornalista, escritor e assessor de imprensa, colabora semanalmente com o NH.