Depois de longos meses afastados em decorrência de alguns projetos profissionais, nos quais, Graças a Deus, logrei êxito em 2020, tenho o privilégio de retornar com nossa coluna semanal para que assim os dois ilustres leitores – em referência ao mestre Ray Melo que detém o feito de ter três leitores, e eu ainda não estou no seu nível meu amigo, então aceito esses dois! – que apreciam nossa coluna possam se debruçar e desenvolver junto comigo um senso crítico qualificado.
Assim, meu caro leitor, quero mais uma vez convidar você ao nosso exercício semanal de esvaziar nossas xícaras de conhecimentos e pré-conceitos e olharmos para os fatos sob outra PERSPECTIVA! Todos os que acompanham o Governo desde o início sabem que os primeiros quatorze meses de gestão foram atípicos, uma reforma administrativa que precarizou as secretarias, poderes paralelos internos (República do TCE, República do Juruá, etc), totalmente cheios de ruídos entre a equipe de governo. Ruído tamanho que se estendia até a Assembleia Legislativa onde nem mesmo a base de apoio conseguia harmonia com Executivo Estadual.
O Governo iniciava o segundo ano de gestão confuso e sem rumo, tendo como pauta até aquele momento somente as obras inacabadas e um discurso vazio e totalmente sem convicção sobre o agronegócio como redenção econômica.
Mudanças em Secretarias estratégicas como Planejamento, Saúde, Obras e a própria Secretaria de Produção tida como uma das mais estratégicas do ponto de vista do discurso adotado de campanha para contrapor ao modelo da “Florestania” defendido pelos governos anteriores.
Resumidamente, o Governo saía do carnaval de 2020 com sérios desgastes e com uma avaliação em queda livre, ainda tentando se agarrar unicamente ao carisma e popularidade pessoal do Governador. Foi então que a partir de março de 2020 vários fatos aconteceram e mudaram totalmente o rumo da história e, naturalmente, pode ser considerada a redenção de um Governo até aquele momento mediano.
Após anúncio da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que estávamos enfrentando uma pandemia, após publicação de um decreto emergencial pelo Governo Federal e pelo Governo do Estado do Acre, dois personagens, Governador Gladson Cameli e Secretário Alisson Bestene – o mesmo secretário que havia prematuramente sido substituído, retorna e inicia uma jornada que até aqui tem sido exitosa e que deve trazer como resultado uma guinada na avaliação do Governo – assumem o protagonismo no enfrentamento da crise instalada.
De maneira assertiva os dois tomaram decisões que refletem no resultado alcançado no combate à pandemia do COVID-19.
O carisma e o populismo do Governador foram aflorados por um lado humano que buscou a todo momento cuidar e preservar vidas, destacando-se ações para a ampliação dos leitos de tratamento intensivo, dois hospitais permanente de referência para tratamento e hoje iniciando o plano de imunização, mostrando que a luta pela vida deve valer cada esforço de nossos governantes.
A vacina é um marco não só porque traz esperança de volta aos nossos corações, mas também será um divisor de águas para esse Governo, que terá que demonstrar muito mais do que foi feito até aqui nas demais áreas, pois na medida que a imunização vai aumentando, vai diminuindo o medo da morte que foi a maior preocupação nesses longos meses, e temas como economia, geração de emprego e renda e segurança pública devem voltar ao centro dos debates.
O Acre sai dessa pandemia com graves indicadores econômicos, o crescimento da extrema pobreza em nosso Estado chegando a números assustadores, fato que deve criar uma grande pressão de maneira imediata no Governo já que o remédio encontrado pelo Governo Federal, que foi o auxilio emergencial, chega ao fim, relembrando aos pais e mães de família que devem buscar meios de sustentar e oferecer dignidade a seus filhos e familiares.
Um Estado que depende exclusivamente da politica econômica do “contracheque” precisa, com a mesma habilidade e perspicácia que superou a crise na pandemia, criar mecanismos econômicos e politicas publicas que demonstrem que a vida continuará a ser prioridade pelo Governo do Estado, cobrar resultados efetivos de seus gestores é o primeiro passo que o Governador deve dar na direção de não errar novamente como no período pré-pandemia.
Daí caro leitor, pego-me fazendo algumas perguntas: O agronegócio é realmente essa alternativa econômica? Existe geração de emprego e distribuição de renda nesse modelo? Esses investimentos de soja que ocorreram necessitaram do Governo?
Deixo uma reflexão aos governantes:
Se partimos das premissas erradas sem sombra de dúvida os resultados não vão ser aqueles que foram sonhados.
O Governo do Estado alcançou sua redenção com a opinião pública na pandemia, isso é fato. Porém, inicia-se hoje o seu julgamento final: ou apresenta provas concretas e materiais de que tem meios e alternativas para atender aos anseios que os levaram ao poder ou vão pagar uma fatura ao final do julgamento em 2022, quando a gratidão do povo pelos cuidados com a saúde em um momento tão difícil vai virar obrigação, pois a fome e o desemprego serão alvos fáceis em um longo e antecipado processo eleitoral.