Em tempos de pandemia, tem sido comum aos atuais prefeitos, governadores e até ao presidente da república assumir um discurso público, vazio e demagógico de que não é momento para se “falar” em política, que não querem investir tempo nesse momento para a construção dos projetos majoritários, que vão ser discutidos no processo eleitoral que deve acontecer esse ano.
Gostaria de mais uma vez convidar você a fazer uma análise por outra PERSPECTIVA, não iremos “falar” e sim pensar na política.
Se entendermos o preceito básico de que por mais nobres que sejam as profissões como de professores, agentes de segurança e profissionais de saúde, todas elas são capazes de contribuir na formação de um cidadão, oferecer segurança e até salvar vidas, porém é na política que são definidos os rumos e investimentos prioritários para cada uma dessas áreas, dessa maneira não devemos pensar e escolher melhor nossos representantes, antes de colocar qualquer “politico” para conduzir os rumos de nossas vidas, precisamos urgentemente buscar melhorar nossa forma de pensar esse tema, desfazendo-nos de pré-conceitos que só fragilizam nossa sociedade.
“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam.”
Platão.
No Brasil, temos 5.570 municípios e já que estamos vivenciando uma das grandes crises que vem impactando todo nosso Sistema Único de Saúde – SUS, seria importante entendermos como o mesmo funciona.
Nosso sistema de saúde é organizado de forma tripartícipe, ficando os Municípios com a responsabilidade da atenção básica, os Estados com a média e alta complexidade, e a União com as Políticas Nacionais de Saúde e suas diretrizes.
Essa forma estrutural do SUS traz em sua essência uma sobrecarga aos municípios, que, numa analogia, pode ser considerado “o primo mais pobre dentro do sistema”, porém o que tem a maior demanda reprimida, poucos recursos humanos disponíveis, e principalmente pouco folego financeiro para investimentos necessários e estruturante para oferecer as melhorias a sociedade.
Um novo formato não poderia ser pensado de forma que Estados e a União entendessem que as pessoas vivem nos municípios e é nessa primeira linha de atuação onde deveria estar concentrada as principais ações do SUS, garantindo médicos nas unidades de saúde, garantindo medicamentos nas farmácias e principalmente tornando mais humano o acolhimento de quem está buscando pelo serviço?
Certamente o último lugar que nós brasileiros gostaríamos de ir seria em uma unidade de saúde, e quando vamos precisaríamos ter de fato ali o melhor retorno de nossos impostos, que não são poucos, já que somos taxados na renda, nas operações financeiras e no consumo, mas vamos deixar esse tema para um momento mais oportuno.
Outra analise que podemos fazer é de um dos graves problemas a serem enfrentados pelos próximos gestores municipais é na área de saneamento básico, pois temos ainda cerca de 57 milhões de residências sem acesso a rede de esgoto, 24 milhões sem rede de água e 15 milhões sem a coleta de lixo. No Acre temos aproximadamente cerca de 55% de rede de abastecimento de água, 78% de coleta regular de lixo e somente 34,1% de rede de esgoto.
De acordo com estudos realizados pela Universidade de Brasília – UnB, estudo da professora Conceição Alves, para cada R$1,00 (hum real) investido em saneamento básico, se economiza cerca de R$4,00 (quatro reais) na área da saúde.
No Estado do Acre, ainda temos vários municípios que não possuem nem um plano de saneamento básico aprovado pelos órgãos competentes, dentre os quais se destaca a capital Rio Branco, que mesmo sendo o município com maior cobertura de rede de esgoto e água não tem um plano de ação definido e aprovado para os próximos anos que ofereça maior dignidade aos cidadãos.
Podemos, também, falar da destinação dos resíduos sólidos, e aqui também quero destacar a cidade de Rio Branco – mas como exemplo positivo – por ser o único município que a mais de uma década tem uma Unidade de Tratamento de Resíduos Sólidos adequado para destinação de seus resíduos.
Desafios como um plano de mobilidade urbana, com um planejamento urbano estruturante, obras que tragam desenvolvimento necessários para o crescimento de nossa cidade, melhoria de processos internos e o uso de tecnologias para melhorias na educação, que passa por um processo de reinvenção mediante o desafio imposto pelo COVID-19, se os municípios já estivessem preparados para novo século onde a conectividade é a maior ferramenta de acesso a informação, a quarentena não seria um entrave para o bom desenvolvimento do ano letivo dos alunos, que poderiam contar com aulas interativas e o uso da tecnologia para minimizar esses impactos.
Exatamente para que você não tenha tempo para exercitar e avaliar de forma correta, que aqueles que estão no poder preferem vender o discurso que não é momento para se falar em eleição, pois a intenção é que mais uma vez a curta memória dos eleitores, a extrema pobreza e grande desigualdade social, sejam os pontos de definição de mais uma eleição.
Diante desses e de vários outros pontos sobre as políticas públicas que posso apresentar a vocês, caros leitores, que acredito que deveríamos sim, diariamente, estarmos pensando sobre política, sobre quais propostas vão ser apresentadas, sabemos que o poder de resolução municipal é limitado, mas um bom gestor público deve saber priorizar investimentos de acordo com os anseios sociais.
O mais importante é entender a importância da análise e da escolha de nossos representantes, se a alguns anos esses governantes tivessem priorizado os investimentos em hospitais e no sistema público de saúde, talvez não estivéssemos com tanto receio dessa pandemia. Porém, na época foi prioridade a construção de 12 grandes estádios luxuosos que custaram bilhões aos cofres públicos, e que são hoje verdadeiros elefantes brancos, sem finalidade alguma após o termino do pretexto da “copa do mundo”, que não deixou legado algum, mas que hoje, seis anos depois, sentimos falta dos vários leitos e hospitais que poderíamos ter, se tivesse um governante que não encarasse o Brasil somente como um país de carnaval e futebol e quisesse oferecer somente pão e circo aos brasileiros.
Então pense e procure todos os dias maiores informações sobre os possíveis candidatos e quais suas propostas e prioridades, pois somente dessa forma, conhecendo bem nossas necessidades e tendo clareza do que precisa ser feito, nós, os eleitores, poderemos ter maior clareza, de fato, de quem tem o melhor projeto, as melhores propostas e daí poderemos usar nossa única arma para mudar nossa realidade, o VOTO.