Deltan Dallagnol (PODE-PR) teve o seu mandato de deputado federal cassado. Encalacrado com renda, patrimônio e investimentos familiares pra lá de suspeitos - rolos brilhantemente resumidos em uma dúzia de perguntas inconvenientes que lhe foram feitas da tribuna da Câmara por seu então colega, o também deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) - o Eliot Ness dos Trópicos acabou caindo por ter, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), burlado a legislação eleitoral, ao ter pedido demissão do Ministério Público Federal (MPF) antes da conclusão dos procedimentos disciplinares que tramitavam em seu desfavor perante o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), na tentativa de evitar incorrer em proibição da Lei da Ficha Limpa - aquela que ele tanto dizia defender - e assim viabilizar a sua candidatura.
Sob o pretexto de combater a corrupção, com sua atuação persecutória contra quem considerava desafeto político, matizada no famoso e xexelento PowerPoint, o menino prodígio imberbe de Curitiba já havia causado vergonha ao MPF. Eleito deputado federal (o que em si faz prova de suas verdadeiras intenções pregressas), tentou manter a pose de xerife, mas, não deu certo. A cassação deve servir de socorro ao Parquet Federal, em sua jornada institucional para livrar-se das máculas que pelo rapaz lhe foram impingidas.
Sérgio Moro (UB-PR) padece do temor de um destino semelhante, sôfrego com as graves acusações de propina em troca de delação que lhe faz Tacla Duran, o ex-advogado da Odebrecht que teria trazido em seus depoimentos mais recentes supostos comprovantes de transações financeiras entre ele e o escritório de advocacia de que era sócia a esposa de Moro, a também parlamentar Rosanja, a Conja. Isso sem falar em Alvarez & Marsal, APAEs e outros que tais.
Também sob o pretexto de combater a corrupção, com seu conluio entre acusação e juiz, o parça de Deltan, o Batman do Robin também já havia causado vergonha de sobra ao Poder Judiciário. Eleito senador da República (o que em si também faz prova de sua atuação parcial enquanto juiz e de suas verdadeiras intenções pregressas), tenta a todo custo manter a pose de Herói Nacional, enquanto, de outra banda, o Judiciário tenta se desvencilhar da imagem tostada do Roland Freisler do Cone Sul.
Bolsonaro se encontra, atualmente, com ânimo semelhante. Com os inúmeros crimes, comuns e de responsabilidade, em tese cometidos no exercício da presidência da República, além de sua incompetência desmedida, Jair está às voltas com as descobertas diárias de depósitos bancários estranhos, gastos irregulares e patrimônio constituído de forma inexplicável, com dinheiro de origem suspeita, sendo fortes os indícios de ilicitude a repousar sobre suas práticas financeiras, de sua esposa e de seus filhos. Isso sem falar em jóias árabes, milícias, pandemia, fraude no cartão de vacina e outros que tais. Assim, causou, causa e ainda causará muita e constante vergonha ao Exército Brasileiro, para quem, surpreendentemente, a “grande ficha” do Laerte parece ainda não ter caído.
Diferente da fábula, os Três Porquinhos em questão construíram, todos eles, casinhas de palha que não estão a resistir a um sopro mais forte. Mas, como no ditado popular, espalharam sujeira no ventilador das instituições que representavam e que lhes davam guarida. As três instituições, por sua vez, se deixaram embalar pelo apoio midiático que incensava as três figuras em suas escaladas fraudulentas rumo aos objetivos de seus projetos pessoais de poder. Estão agora a amargar o doloroso processo de recuperação de sua credibilidade. É um processo longo, mas que está em seu pleno curso. E é difícil impedir a marcha da história dos justos. A cassação de Dallagnol é só um exemplo disso.
Enquanto os supostos bandidos, até então travestidos de honestos e justiceiros começam a responder e a pagar por suas dívidas, muitos dos que por eles foram injustamente perseguidos já acertaram suas contas com a Justiça. E alguns ajudam a governar o país, trazendo a nação de volta aos trilhos do desenvolvimento, com crescimento econômico, geração de emprego, distribuição de renda, inclusão social e redução das desigualdades. Como dizem as redes, o mundo não gira, capota. E os Três Porquinhos estão até tontos de tanto sacudir com tamanha força rotacional.
*Daniel Zen é doutorando em Direito pela UnB, mestre em Direito pela UFSC e professor do Curso de Direito da UFAC. É contrabaixista da banda de rock Filomedusa, ativista do Circuito Fora do Eixo, colaborador da Mídia Ninja e colunista do site Notícias da Hora. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..