A cena que muitos associam às grandes metrópoles brasileiras, como São Paulo, tornou-se uma realidade perturbadora no Centro de Rio Branco —, no coração da Capital acreana, próximo a Floriano Peixoto, onde se abriga uma comunidade de pessoas, “invisíveis’ em situação de rua e dependentes químicos, expostos ao descaso e à vulnerabilidade. O NH teve acesso com exclusividade a esse submundo, onde seres humanos se entorpecem para fugir da realidade.
No cruzamento da Floriano Peixoto com uma transversal próxima a um posto de combustível, e onde funcionava a sede da Polícia Federal (PF) formou-se a “Cracolândia do Acre”, um reduto de indivíduos que buscam alívio na droga de seus males na ruas. A presença constante de pessoas entorpecidas nesse trecho central da cidade, uma das mais pobres do país, expõe uma dura realidade: a falta de políticas de assistência social, saúde mental e reabilitação para essa população, que se vê marginalizada e sem apoio.
Nikson Tavares, morador em situação de rua há mais de doze anos, relata a situação de abandono enfrentada pelos que vivem na chamada “Cracolândia do Acre”. Em um desabafo emocionado, ele compartilha a sensação de invisibilidade e a tristeza diante da perda de uma amiga em situação similar. “Aqui ninguém ajuda nós, entendeu? Cada qual pra si, entendeu? Não vê ninguém aqui vê nós. Nós estamos abandonados, vocês podem ver aí… Ontem morreu uma amiga nossa aqui. […] O poder público não vem aqui. Ninguém, entendeu? Ninguém, não aparece ninguém,” disse.
A declaração do morador em situação de rua reflete o sentimento de abandono. Ele pede ajuda para sair das ruas e do ‘mundo’ das drogas e destaca o sofrimento que ele e outros enfrentam diariamente. “Ô seu governador ou prefeito, eu queria que vocês olhassem, entendeu? o coração, o olho de vocês, o coração de vocês o amor que vocês têm. Olhe pela gente, nos ajudem a sair desse vício. Também somos cidadãos, porém, para a maioria somos invisíveis. Aqui vivem quase 50 pessoas”, desabafou.