Apesar do decreto que inseriu novas medidas para conter o coronavírus como a paralisação total dos serviços aos fins de semana e feriados, com exceção de algumas atividades identificadas no decreto, a Direção dos Correios decidiu manter o atendimento ao público realizando entregas no Acre nestes períodos. Com os trabalhadores das agências da Estação Experimental e Via Verde obrigados a atender demandas do público, o Sindicato dos Trabalhadores de Correios e Telégrafos do Acre (Sintec-AC) denuncia o risco à população de Rio Branco.
Suzy Cristiny, presidente do Sintect-AC, afirma que mesmo com os alertas emitidos a Diretoria se manteve irredutível. Ela destaca que a infração das normas de segurança traz grandes riscos para a saúde dos trabalhadores e da população, já que a empresa não realiza a prática de represar as correspondências para desinfecção antes das entregas, medida necessária para proteger os clientes. “O que está liberado são serviços na modalidade delivery, o que não se aplica a esta situação específica”, diz.
A representante destaca que a segurança do material distribuído não é debatida internamente, o que deixa a população vulnerável. “Por isso tentamos diversos meios para que a Direção mudasse de postura.
Cumprir as determinações é de suma importância para combater a pandemia. Sei que os clientes querem receber as encomendas, mas é preciso ter qualidade na entrega. É um desrespeito muito grande com os usuários dos Correios e, principalmente, com os empregados, não debater sobre a desinfecção destes materiais que podem levar contaminação para as residências."
A sindicalista lembra que o lockdown no estado se aplica somente aos fins de semana e que as medidas tomadas pelo governo são insuficientes para conter o rápido avanço do coronavírus, que já vitimou 1.144 pessoas e contaminou 63.721 até a última terça-feira, 17, conforme os dados divulgados pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre). Para a presidente, o ato da Direção dos Correios é uma irresponsabilidade sem precedentes que manchará para sempre a instituição, pois deve dar exemplo cumprindo determinações das autoridades locais quanto ao assunto.
“Estão brincando com as vidas das pessoas. Os gestores dos Correios no Acre sabem que são necessárias medidas mais efetivas para proteger a população e mesmo assim expõem pessoas ao perigo extremo. Não temos mais vagas de UTI nos hospitais e fazer isso [atender as pessoas no lockdown] é emitir um atestado de óbito. É muito feio e mesmo com todas as nossas tentativas de reverter essa ideia ela foi executada, sem haver a real necessidade, pois a maioria das correspondências não são essenciais para a contenção do coronavirus”, acentua Suzy.