Na semana em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Censo Indígena 2023, apontando cerca de 1,7 milhões de habitantes nativos no país, sendo a maioria moradores da Amazônia Legal, e no caso do Acre, 31. 699 pessoas, uma pesquisa acadêmica do mestrado em Letras: Linguagem Identidade, que durou um período de dois anos de estudo entre a Universidade Federal do Acre (UFAC) e o município de Sena Madureira, será lançado pela jornalista Silvania Pinheiro na próxima sexta-feira, 11, no Espaço Kaxinawá em Rio Branco, em forma de livro, com o título “Discurso midiático sobre o indígena cidade”.
A obra, que de acordo com a jornalista tem o objetivo de descontruir a visão e as reproduções jornalísticas estereotipadas de estranhamento acerca dos povos indígenas que habitam nos espaços urbanos, é baseada em vários teóricos dos campos antropológicos, filosóficos e sociológicos, mas sobretudo nos Estudos Culturais através do artigo do britânico-jamaicano Stuart Hall Codificar/Decodificar, cujo teor apresenta a teoria da recepção da mensagem midiática, produção da comunicação e reprodução da linguagem dentro do processo comunicativo.
Assim, segundo Silvania Pinheiro, compreende-se que ao reproduzir o discurso midiático o jornalista, como era o caso da própria autora, atua como reprodutor de ideologias e representações discursivas vistas pela materialidade do poder da sociedade pós-moderna. “A imprensa, assim como vários outros instrumentos de informação, forma o imaginário social, e por isso dialogar sobre esse tema é fundamental para que as mentes colonizadoras e institucionalizadas não nos induzam à reproduções discursivas que mantenham o indígena como ser subalterno e estranho ao ambiente urbano”, disse a jornalista.
A Profa. Dra. Maria de Jesus Moraes, que foi orientadora de Silvania, assina o prefácio do livro, seguido pela apresentação assinada pelo jornalista, escritor e editor literário, Pitter Lucena.
Nos três capítulos que formam a publicação literária, Silvania aborda, inicialmente o objetivo e a importância de sua pesquisa, apresentando o tema Codificar/Decodificar: mensagem, linguagem e ideologia do discurso midiático. No segundo, o povo Jaminawa, sujeito do trabalho: O povo Jaminawa e a temática sobre a indígena na cidade. E por fim, o ser “índio” na cidade: o dito da imprensa e as vozes subalternas do indígena no espaço urbano.
Pinheiro enfatiza que a principal fonte documental da pesquisa são reportagens especiais assinadas por ela quando era Editora-Chefe do Jornal A Gazeta, no qual aborda a problemática do Povo Jaminawa na cidade de Sena Madureira, sendo os deslocamentos e vivências desses indígenas entre os não -indígenas o enredo que a mídia retrata como sinônimo de complexidade.
Essa semana foi celebrado, dia 9 de agosto, o Dia Internacional dos Povos Indígenas, uma data criada pela ONU, sendo este o motivo pelo qual Silvania Pinheiro escolheu a data do lançamento do livro Discurso midiático sobre o indígena na cidade, que contará com a participação especial dos cantores Sérgio Souto, Franklin Pinheiro e Yakupã Apurinã, além de pinturas e exposição do artesanato indígena.
SOBRE A AUTORA
Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, Silvania Pinheiro Diniz é Mestre em Letras: Linguagem e Identidade pela Universidade Federal do Acre (UFAC). É Especializada em Assessoria de Imprensa e Marketing Político.
Natural do município de Sena Madureira, iniciou sua carreira no Jornalismo aos 17 anos de idade. Foi redatora e Editora-Chefe dos jornais O Rio Branco e a Gazeta por um período de dez anos. Fundou, juntamente com a jornalista Wania Pinheiro, e foi Editora- Chefe do portal ContilNet Notícias.
Foi assessora de imprensa na Câmara dos Deputados Federais e no Senado Federal da República. Atuou como secretária de Estado de Comunicação do Governo do Estado do Acre.
Introdutora do livro “Dicionário de termos populares do Acre: pesquisa linguística (2006)”, do poeta Mauro Modesto, um dos fundadores da Academia Acreana de Letras. Autora da crônica “Um tempo para nós, mulheres jornalistas”, no livro Mulheres que fazem a notícia: crônicas selecionadas”.
Está entre as 80 autoras da Coletânea Originárias, da Associação das Jornalistas Escritoras do Brasil (AJEB), com a narrativa “Rainha do Macauã: prosa e poesia entre a vida e a morte da Dama do Forró”, publicada em abril de 2023.
Silvania Pinheiro Diniz é gêmea com a administradora de empresas Sandra Pinheiro, sendo filha ultimogênita da seringueira e parteira tradicional da floresta, cantora e tocadora, Alaíde Pinheiro, conhecida como a “Dama do Forró” e Rainha do Macauã, em alusão ao rio amazônico do qual é originária.