A cadeira número um da barbearia e o respeito dos colegas entregam o status do barbeiro Manoel da Silva Carvalho, também conhecido como o “barbeiro das estrelas”.
Natural de Sena Madureira, Manoel sequer sonhava há 22 anos quando cortava o cabelo de amigos no fundo do quintal da casa simples em que morava no bairro Preventório, em Rio Branco, que um dia seria o barbeiro de um governador, de pessoas importantes da política local, membros do Judiciário e do Ministério Público.
Manoel, porém, não carrega vaidades. É pessoa simples, mas tem grandes objetivos.
“Meu objetivo é crescer mais profissionalmente. Eu acho que eu cheguei em um nível muito bom, mas ainda tenho muito a melhorar ainda. Aumentar meu hall de clientes, fazer mais cursos, capacitações, ir para fora do país. No Brasil eu já fui para os mais importantes eventos de barbearia. Quero ainda participar de um evento na Inglaterra.”
Manoel Carvalho atendendo Alan Kardec, que hoje joga no Atlético Mineiro
A profissão escolhida vem da família, do seu irmão Francisco Gomes, o barbeiro Chiquinho, com quem Manoel trabalhou em uma barbearia no Terminal Urbano de Rio Branco.
Antes da vida profissional, porém, ele fez um estágio de seis meses no 7º BEC, a convite de Carlos Alberto Maia, o Arigó, que tinha uma barbearia no quartel. Lá, o aspirante a barbeiro cortava o cabelo de cabos e soldados.
Manoel tem boas e importantes referências na profissão, o que o ajuda a equilibrar a importância do passado, do tradicional que jamais envelhece com as tendências atuais. Na barbearia do Terminal Urbano, no início de sua vida profissional, ele compartilhou o mesmo espaço de trabalho com Alberto Paca, barbeiro antigo de Rio Branco. Também trabalhou com Francisco Natalino, o Natal Cabeleireiro, por dois anos.
Em 16 de novembro de 2015, a convite do empresário Lucas Costa foi convidado para compor a equipe da Dom Bigode, que posteriormente virou Donn Barbearia, e permanece até hoje.
Manoel é o mais antigo dos barbeiros e o único da primeira leva de profissionais da empresa, e isso lhe rendeu o status de chefe dos colegas, ao todo oito.
Na Donn, virou uma espécie de barbeiro oficial do governador Gladson Cameli. Mas não é partidário. Segue o lema de que sua sigla é sua profissão. Também corta o cabelo do ex-governador Jorge Viana.
Com seus mais variados clientes as conversas são diversas: futebol, filmes, política, religião e até casos de família.
“A gente conversa de futebol, sobre política, religião. Conversa de tudo. O barbeiro é às vezes um confidente. A gente às vezes é conselheiro. Já aconteceu de a pessoa estar passando por um momento difícil no casamento e me perguntar qual era a minha opinião e eu aconselhei que valia a pena voltar para a família dele”, conta.
A pandemia de covid-19 que parou o mundo por dois anos foi o momento mais difícil na vida profissional de Manoel.
“O momento mais difícil foi na pandemia. Fechou tudo. A barbearia aqui fechou e a gente ia para a rua, a gente ia nas casas dos clientes trabalhar para sobreviver”, recorda.