Entenda o caso
O Mundo Azul em tese tem capacidade para atender 80 crianças autistas. Inaugurado de fato somente no início de 2020, embora prometido em abril de 2016, tendo muita publicidade em cada etapa parcial de supostas "entregas" de fases da obra na gestão passada. Quando passou a atender crianças em março de 2020 já foi suspenso por causa da pandemia. Nunca chegou a atender nem 40 crianças, das quais nem 30 foram em atendimentos presenciais. Em 2019 a prefeita Socorro Neri regulamentou carteira de identificação do autista, mas desde fevereiro de 2020 não se expede nenhuma, porque há algum entrave na licitação da contratada. Sem a carteira fica mais difícil o atendimento preferencial nos estabelecimentos públicos e privados.
Gestão Bocalom
Há duas semanas, já na atual gestão, não atende nenhuma criança. Aparentemente o telefone do Mundo Azul está cortado, porque não se consegue contato no fixo já há algum tempo. Hoje há cerca de 540 cadastros lançados no sistema (crianças com laudo médico), e outras dezenas para lançar, porque o Centro não tem pessoal no administrativo. O Mundo Azul não tem coordenação nomeada na gestão 2021, não se sabe quem será o coordenador. Ninguém pode responder legalmente pelo espaço. E segue com zero de crianças atendidas.
Perda de emenda federal
A pedido da Família Azul do Acre o ex-deputado Manoel Marcus alocou cerca de 500 mil reais em 2019, liberados para 2020. Mas a gestão passada não conseguiu usar, faltou organização e assessoramento técnico, não da coordenação do Centro O Mundo Azul, mas da própria Secretaria de Saúde (SEMSA) e da cúpula da prefeitura. A AFAC está aguardando até hoje a resposta quanto à emenda, para capacitação e estruturação do espaço físico.
Conselho Superior do Ministério Público
O Órgão Superior do Ministério Público do Acre intimou o presidente da AFAC para audiência em 2020, na qual Abrahão Púpio relatou a preocupação em não se perder a verba do ex-deputado federal Manoel Marcus.
"Mas infelizmente parece que não adiantou. Sei que o MPE (conselho de procuradores, órgão superior) ficou de intimar a gestão passada de saúde na capital, já perto do final do ano. Mas aparentemente o recurso foi perdido do mesmo jeito."
Problemas na saúde estadual
A única melhora é que do último trimestre de 2020 para cá há mais neuropediatras (eram somente 2, e hoje são 5). Grandes problemas continuam os mesmos há muitos anos: postos de saúde não tem carbamazepina, risperidona, zaap nem ácido valproico; demora na realização de exames; os laudos dos EEGs são de péssima qualidade, pelo equipamento e pelo laudo que não é feito por neurofisiologista. Não existe terapia para grande maioria dos diagnósticados: não tem fono, TO, psicopedagogia, psicóloga nem fisioterapia para paralisados cerebrais. As filas de espera para terapias não têm transparência e são quilométricas.