O descaso com a infraestrutura urbana voltou a ser alvo de denúncias em Rio Branco. Desta vez, o relato vem da técnica de enfermagem Priscila, moradora do Residencial Abunã, Quadra 01, na Rua Bálsamo, no Loteamento Santa Luzia, que procurou a reportagem para expor as condições críticas em que vive com a família.
Segundo Priscila, apesar de máquinas e equipes terem trabalhado recentemente em diversas vias próximas — especialmente nos arredores do IFAC e da futura UPA do Ponto Alto — a Rua Bálsamo simplesmente foi ignorada. “Arrumaram quase todas as ruas aqui, menos a nossa. Eles nem entraram”, denuncia.
A moradora afirma que já acionou equipes de imprensa anteriormente e que, mesmo após a visita de um programa policial local, nada foi feito. O que era ruim piorou: o matagal avançou de tal forma que tomou conta do entorno, do campinho onde as crianças costumavam brincar e até os acessos às residências.
O estado de abandono chegou a um ponto extremo quando uma jiboia entrou na casa de Priscila durante a madrugada. Ela conta que o marido percebeu o animal sobre o armário onde a família guarda louças. “Levei um susto enorme. Se tem uma jiboia pequena circulando, imagine o tamanho da maior. O mato está muito grande”, relata.

Segundo ela, moradores evitam até permanecer no portão de casa por medo e pela aparência de abandono. “A gente tem desgosto de sair no portão. Está triste demais.”
Além do matagal, a moradora destaca a precariedade da rua, cheia de buracos, lama e trechos intransitáveis. O acesso é tão difícil que até o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) enfrenta obstáculos para chegar ao local.
Priscila lembra o caso recente de uma vizinha idosa que faleceu, e a ambulância teve grande dificuldade para chegar até a residência da família.
“Quando chove ou a rua está muito ruim, somos nós que temos que jogar entulho para tentar tampar buracos e conseguir entrar com o carro em casa”, descreve.
Com a proximidade do período eleitoral, Priscila critica a discrepância entre a realidade dos moradores e a propaganda institucional.
“Mostram só as partes bonitas da cidade. Estão enfeitando tudo para o Natal, falando de drones, mas e a população? E quem vive abandonado aqui?”, questiona.
Ela afirma que, diante da situação, perdeu completamente a confiança na atual gestão municipal:
“Difícil alguém daqui ainda votar no Boca a Boca. Para mim, ele não ganha nem para presidente de bairro. Nós, moradores de Rio Branco, estamos abandonados.”
A técnica de enfermagem encerra fazendo um apelo para que o poder público tome providências urgentes.
“A situação da Rua Bálsamo, no Santa Luzia, Quadra 01, é lamentável. Espero que esse relato seja ouvido. A gente só quer dignidade”, finalizou.
