Há três meses, Franciele Catrine (33) mora debaixo da ponte Juscelino Kubitschek (metálica), em Rio Branco. Ela é mais uma entre as inúmeras pessoas que viviam no seio familiar em uma casa, mas o uso de drogas transformou a convivência com a família em um conflito. Resultado: Franciele deixou o convívio com a mãe e um filho de 13 anos no bairro São Francisco pela vida na rua, sob uma ponte.
"Comecei na maconha, fui pro pó e agora estou na pedra. Almoço, tomo café e durmo aqui. A minha moradia é aqui", conta ela ao Notícias da Hora.
O lugar fétido é cercado por pedaços de panos sujos. Na condição em que ela está alimentar o vício é o que importa, por isso Franciele mantém o lugar em que dorme com um travesseiro velho e o resto de um cobertor. Tudo encontrado no lixo. Para tentar conseguir dinheiro, ela pede na rua.
Quando consegue dormir, Franciele conta que desperta na madrugada com pessoas tentando violentá-la ou gritando com ela.
"Às vezes eu acordo e tem gente me alisando. Às vezes eu acordo tem gente aos gritos. É perigoso? É, né, mas fazer o quê...", diz.
Franciele estudou até a 5ª série.
Quando fumou maconha pela primeira vez ainda era adolescente, porém jamais pensou que um dia fosse descer ao fundo do poço das drogas, abandonar e viver distante de quem ama e arriscar a própria vida para manter o vício.
"Tem que ter muita força de vontade para sair dessa."
Quando fala do filho Sanderson, a voz dela embarga. "Ele me chama de mãe quando me vê. É o único que não me trata com preconceito", diz Franciele emocionada externando saudades do único filho a quem e por quem ela promete um dia vencer as drogas.