Dos dezoito feridos na explosão do barco no rio Juruá, em Cruzeiro do Sul, na última sexta-feria,7, onze já estão em tratamento fora de domicílio. Nesta quinta-feira, 13, mais um paciente que estava em internado no Hospital do Juruá foi transferido para a Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília. Outros três deverão chegar à unidade até às 20h. O transporte dos pacientes é feito em avião UTI da Força Aérea Brasileira (FAB).
Em Rio Branco, um bebê de oito meses continua internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital da Criança. “O quadro é grave, porém estável”, informa a médica intensivista da pediatria do Hospital da Criança, Eleonice Pinheiro.
O acidente aconteceu quando uma embarcação ancorada no rio Juruá, na região do bairro Miritizal, em Cruzeiro do Sul, era preparada pra transportar pessoas para os município de Porto Walter e Marechal Thaumaturgo. A embarcação também estava transportando combustíveis, segundo relatos de testemunhas. Ao todo, 18 pessoas ficaram feridas, a maioria em estado grave e gravíssimo.
Em ação articulada e colaborativa com a Sociedade Brasileira de Queimados (SBQ), Presidência da República, Força Aérea Brasileira, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e toda a rede integrada do Sistema Único de Saúde, o governo do Acre iniciou os procedimentos para a o atendimento em centros especializados.
Os pacientes que apresentavam quadro clínico favorável começaram a ser transferidos na segunda-feira, 10. Seis foram levados para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Dois foram transferidos para unidade de referência em Goiânia.
Em Rio Branco, a coordenadora da Central de Leitos e Cirurgias da Regulação Estadual do Acre, Paula de Faria Mariano, acompanha o atendimento fora de domicílio. Ela diz que a preocupação tem sido garantir o melhor atendimento aos pacientes e familiares, que nas unidades fora do estado tem recebido o apoio de todas as organizações e de servidores envolvidos. “Em Belo Horizonte e Goiânia, pacientes são atendidos nos melhores centros de referência em queimados do país e os familiares contam com o acolhimento de casas de apoio nessas localidades”, informa Paula de Faria Mariano.
As causas
Em Cruzeiro do Sul, a Polícia Civil segue com a investigação para esclarecer as causas do acidente. Até o momento foram ouvidas doze testemunhas, entre elas, cinco sobreviventes. Ainda não há conclusão da perícia, mas de acordo com o delegado que acompanha o caso, Lindomar Ventura, os depoimentos já permitem identificar em que circunstâncias ocorreu o acidente.
“Uma das testemunhas que estava na proa afirma que viu um clarão na popa, e na sequência a explosão. Outro passageiro, que estava na popa, também confirma a versão. O que nos leva a deduzir que, realmente, uma fagulha nos cabos da bateria do motor acabou provocando o acidente”, revela o delegado.
A polícia espera ouvir pelo menos 20 pessoas, entre sobreviventes, pessoas que estavam próximas ao local do acidente e familiares das vítimas. O proprietário do caminhão que abastecia o barco será ouvido nesta sexta-feira, 14.
O inquérito policial deve ser concluído em um prazo de 30 dias. Aos autos serão acrescentados ainda notas fiscais, relatórios da Marinha, Corpo de Bombeiros e também da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que já enviou representantes a Cruzeiro do Sul.
“O mais importante é esclarecer as causas do acidente e apontar responsabilidades, se for caso”, lembra Lindomar Ventura. Entre as vítimas, duas foram a óbito. Simone Souza Rocha, 24 anos, morreu no domingo, 9, após uma parada cardiorrespiratória, no Hospital do Juruá. Marluce Silva dos Santos, de 38 anos, estava internada no Hospital do Juruá em estado gravíssimo e morreu na noite de terça-feira, 11. Os rins da paciente, que devido à gravidade dos ferimentos não suportaria hemodiálise, paralisaram.