Há mais de um mês, depois que seu batelão foi furado, o pescador e roçador Arnou Soares da Silva, de 47 anos, passou a morar com sua companheira em um barraco feito de lona com palha na beira do rio Acre, na rua Barbosa Lima, Bairro da Base, em Rio Branco. No lugar, ele come, bebe e dorme. Por questões pessoais, Arnou resolveu não revelar o nome da mulher. O pescador também tem a companhia do gatinho Pinguelo.
Quando consegue fisgar um peixe, Arnou tem o almoço e a janta garantidos. Assa o pescado em uma grelha sustentada por alguns tijolos.
O dinheiro dos serviços de roçagem nem sempre são suficientes para comprar o alimento diário. Ele tem a sorte de contar com a ajuda dos vizinhos.
“Tem dia que a gente não faz nem o do almoço”, conta.
“Eu não tenho casa, não tenho nada. O que eu tinha era isso aí. Um cara veio e furou o barco. O que eu quero não é dinheiro, é só tábua, perna-manca e betume, se alguém puder ajudar. Mas se tiver só dinheiro tudo bem, só que essa não é a intenção. Eu só peço o material. Para me ajudar é só vir aqui na beira do rio que estou aqui cedo da manhã e no final da tarde”, apela.
Arnou é natural de Brasileia. Morou no batelão durante três anos. O sonho dele é voltar ao barco para subir o rio e pescar. Garante ser possível viver da pescaria.
“É tudo que eu quero. É consertando já subo o rio e vou viver dele. Tem gente da minha família que acha que eu estou nessa situação aí porque eu quero. Não é”, conclui.