O aumento no número de moradores de rua na capital Rio Branco tem chamado muito a atenção nos últimos meses. Além dos imigrantes, na sua grande maioria venezuelanos, que passam pelo Acre em busca de dinheiro para seguir viagem, há muitos indígenas, alcoólatras e usuários de droga peregrinando pelas ruas da cidade.
Um levantamento divulgado pela Prefeitura de Rio Branco aponta que mais de 400 pessoas estão vivendo em situação de rua. O número, assustador, revela a desigualdade social e a frágil política de assistência social que existe na cidade. No interior do Acre, nos demais municípios, a situação não é muito diferente desta.
Em comparação ao mesmo período no ano anterior, o Centro Pop -órgão da prefeitura que atende essas pessoas com distribuição de alimentação- alega que houve aumento no número de moradores de rua: 95 a mais que 2021, quando foram contabilizadas 325 nesta situação.
O diretor de Assistência da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (Sasdh) de Rio Branco, Jéfferson Barroso, em média 125 pessoas almoçam no local diariamente. O espaço fica bem no Centro da cidade, próximo ao Palácio do Governo, Fórum do Tribunal de Justiça e Assembleia Legislativa.
"A complexidade (dos casos) é uma questão de saúde pública no Brasil inteiro. Ainda não há uma clareza no processo de desintoxicação. A fase de se chegar a uma comunidade terapêutica é justamente após ter passado por uma série de atendimentos, que também depende do usuário", destacou numa entrevista à Rede Amazônica.
Dados do Núcleo de Apoio e Atendimento Psicossocial (Natera) do Ministério Público do Acre estimam que existam em torno de 500 pessoas em situação de rua na capital. O MP atende essa população e fiscaliza para que direitos sejam garantidos. A instituição aponta ainda que os serviços oferecidos pelo poder público estão defasados.
"O mesmo conjunto de serviços e equipamentos do ano de 2012 para aquela realidade é o mesmo conjunto de equipamentos e serviços em 2023, sendo que a população quadruplicou desde lá até agora. É uma conta que não fecha. Alguém vai ficar sem atendimento e esse atendimento pode não ser tão efetivo como poderia ser", frisou o coordenador do Natera, Fábio Fabrício.