O Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) reuniu na noite de segunda-feira (20) filiados, representantes de entidades e o promotor da Promotoria Especializada de Defesa da Saúde, Glaucio Ney Shiroma Oshiro. O objetivo foi tratar sobre temas como o ponto eletrônico e a falta de segurança nas unidades de saúde.
No encontro que contou com a presidente da Associação Médica do Acre (Amac), Jene Grace, e do membro do Conselho Regional de Medicina (CRM), Ricardo Montilla, também se tratou sobre ações a serem desencadeadas pelo movimento “Médicos pela População”. A meta é oferecer medidas que possam evitar o agravamento dos problemas já enfrentados pela classe, e que podem prejudicar a população mais carente, que mais necessita do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
O primeiro assunto da pauta foi o ponto eletrônico em que os médicos puderam apresentar para o promotor a preocupação quanto às peculiaridades dos serviços realizados e as situações emergenciais que precisam ser priorizadas. Os profissionais pediram maior sensibilidade das autoridades para a adequação do sistema do registro de presença nas unidades de saúde priorizando o tempo de atendimento e evitando a punição do servidor que esteja realizando uma cirurgia e que pode durar horas.
A primeira-secretária do Sindmed-AC, Jacqueline Fecury, apresentou ao promotor o exemplo do sistema de controle implantado no INSS, que não utiliza mais ponto eletrônico e foca apenas na produtividade, nas metas de atendimentos alcançadas pelos servidores. “O sistema de deu muito certo. Já não tem tanta fila”, disse.
O presidente do Sindmed-AC, Murilo Batista, defendeu a adaptação do sistema para os serviços de saúde que funcionam em regime de plantão.
“O médico possui uma carga horária diferenciada, sendo necessário um olhar diferenciado para que não haja prejuízo para a classe, que é a ponta do atendimento do sistema público de saúde”, defendeu Murilo Batista.
O promotor Gláucio Shiroma confirmou a existência do prazo de 90 dias para adequação do ponto e disse acreditar na possibilidade de uma mediação capaz adaptar a norma para atender às condições específicas dos profissionais.
Na segunda pauta da reunião, a categoria solicitou apoio do Ministério Público Estadual para a resolução do problema da falta de segurança nos hospitais, situação que a cada ano vem se agravando. Em menos de 3 dias, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade do Povo foi atacada por duas vezes, em uma das ocasiões um homem foi executado na entrada, deixando os profissionais em pânico e a estrutura do prédio comprometida.
A médica E.S. contou que convive com o medo quando vai trabalhar na UPA da Cidade do Povo. “Somos ameaçados, os faccionados, os olheiros, fazem ronda dentro da unidade, mostram revólver para nos intimidar. Lá estamos entregues à própria sorte. Só quem trabalha lá sabe o pavor que é", reclamou a trabalhadora.
Nos relatos feitos pelos profissionais, outras unidades apresentam o mesmo problema de insegurança. Na Maternidade Bárbara Heliodora já registrou arrastões, na UPA do Segundo Distrito um vigilante foi rendido e teve a arma levada e no Pronto Socorro, de acordo com os médicos, é comum existir ameaças e agressões verbais contra os profissionais. “Existem pacientes vítimas de confronto entre facções, então há o risco de invadirem para resgatar um suposto criminoso ou matar. O paciente não compreende que as vezes ele é mandado para outra unidade simplesmente porque está faltando fio para sutura”, explicou um médico que não quer ser identificado.
Gláucio Shiroma afirmou que recebeu documento do Comando Geral da Polícia Militar (PM) garantindo policiais em todas as unidades, porém, em entrevista à imprensa, o subcomandante, coronel Ricardo Brandão, afirmou que ainda estão em negociação para dar maior atenção a UPA da Cidade do Povo e manter policiais nas demais unidades, deixando de informar a data exata em que o policiamento será retomado.
O promotor aproveitou para elogiar a criação do movimento “Médicos pela População”, formado por entidades médicas para apontar as falhas e apresentar propostas de resolução. “Eu fiquei muito feliz quando a implantação do movimento e acredito que fará a diferença. É algo muito importante”, finalizou.