A crise econômica e a alta do dólar vêm afetando a vida de muitas pessoas que não têm emprego formal. Em momento de instabilidade, a venda de peças de roupas usadas tem ganhado força no Acre. Na capital, esse mercado vem crescendo com os brechós, uma alternativa para as pessoas superarem a crise.
Além de uma alternativa em tempos de crise, os brechós estão alinhados ao conceito de consumo consciente. Este tipo de compra evita que roupas usadas acabem indo parar em aterros sanitários, além de se tornar uma forma de ajudar no combate ao descarte de roupas, medida que gera impacto direto na produção de lixo. Os brechós também são considerados uma forma de empreendedorismo, prática crescente no país com a alta taxa de desemprego.
A maioria dos brechós são pontos de repasse de roupas, peças que fizeram parte de um mercado maior, que seguiam uma determinada tendência na época, e que se tornaram atemporais. O crescimento desse mercado nas esquinas de Rio Branco tem sido cada vez mais evidente, movimentando pessoas, que vendem as peças por um preço bem menor para que outras revendam e, assim, fortalecendo o empreendedorismo, alavancando o negócio local.
Para a dona de casa Maria do Céu Viana, 51 anos, empreender no setor de bazar tem sido uma válvula de escape, a melhor maneira de driblar a crise. Há quatro anos, Maria trabalha com esse tipo de venda. Com uma pequena banca na esquina da rua principal do Bairro Conjunto Esperança, ela garante que lucra em torno de R$ 2.500 por mês. Motivo esse que leva a empreendedora a seguir nesse mercado informal.
“Quem nunca experimentou esse tipo de compra, deve quebrar as barreiras do preconceito, pois se trata de um trabalho honesto. Um dos segredos é manter as peças limpas e cheirosas, pois o cheiro de mofo afasta as clientes. Tenho todo esse cuidado,” destaca Maria do Céu.
Compras em brechó podem possibilitar economia que vai até 80% em relação às lojas tradicionais. Os brechós também ganharam o mundo virtual. Para quem não tem muito tempo para pesquisar e, por exemplo, ir até a loja física, essa é uma ótima opção de achar peças diferentes e mais acessíveis.
Boa parte do tempo, as pessoas estão online, logo nada mais natural que consumir serviços e produtos nesse espaço. Os critérios dessa modalidade online é diferente, pois, existe uma política para garantir que a venda seja efetivada da melhor maneira possível. Não é permitido trocar, nem provar peças.
Solange Santos trabalha com brechó online há mais de dois anos, e utiliza as redes sociais e aplicativos para a realização das vendas. Ela destaca que tem dado bastante certo.
“O diferencial é que nem todos os itens são usados, tendo assim mais opções de negócio. Alguns são novos com um preço bem abaixo do normal e este bem acessível. Tiramos dúvidas sobre metragem, tamanho, tecido, pois, tudo é feito na base do comprometimento e confiança com o cliente”, destacou Solange.
O fato é que tanto o brechó da esquina de dona Maria, quanto o virtual da Solange, tem sido bem aceito pelos consumidores acreanos. E acima de tudo, motivando outros a busca por uma alternativa de negócios, como também para se tornarem novos empreendedores.