Estado do Amapá está há mais de 10 dias sem normalização do fornecimento de energia. Com isso, comunidades quilombolas estão sem acesso à água potável e com perdas consideráveis em suas mercadorias.
Desde o dia 3 de novembro, o Estado do Amapá vem enfrentando diversos problemas de produção, locomoção e falta de água por conta do apagão que atingiu 13 dos 16 municípios. Até o momento, 80% da capacidade elétrica do estado já está operando em sistema de rodízio, porém 258 comunidades quilombolas seguem em apagão total.
“258 das comunidades quilombolas estão sendo atingidas pela questão da energia elétrica. Entre elas, 79 a 80 comunidades estão numa situação ainda mais grave, porque elas não têm água potável e também não têm como refrigerar e guardar alimentos”, explica a liderança quilombola e Coordenadora das Comunidades Quilombolas do Amapá, Núbia Cristina Santana.
A situação é ainda mais emergencial pelo fato de algumas comunidades não terem energia elétrica e agora nem mesmo acesso ao combustível para a bomba d’água, que funciona por meio do gerador. Diante da situação, as comunidades pedem plano emergencial para mitigação do problema. “Até o momento não chegou nada do governo. Nenhuma ação, nenhum grupo, nenhum assistente social foi verificar o que pode ser feito para mitigar esse impacto”, complementa Núbia.
Por falta de resposta por parte das autoridades, Núbia conta que a Coordenação das Comunidades Quilombolas do Amapá (CONAQ-AP) está buscando alternativas para solucionar ou ao menos minimizar os problemas enfrentados pelas comunidades quilombolas.
“Nesse real momento, a maior dificuldade é a perda de equipamentos, a perda de produção, a perda de criação, a perda de alimentos e a falta de água. Hoje, a gente foi na Companhia de Água e Esgoto do Amapá (CAESA), mas a gente não conseguiu ter uma resposta positiva para comprar ou consertar as bombas d’água que acabaram queimando. A gente até foi em algumas lojas para consertar, mas eles não estão consertando, porque não têm energia. Então a ideia é a gente conseguir parcerias para comprar outras bombas para as comunidades”, complementa.
A liderança do Quilombo Cunani, Rosemeire Macedo, do município Calçoene, localizado a 347 km de Macapá, complementa que a situação deixou o seu Quilombo em situação de extrema vulnerabilidade e isolamento: “Enquanto quilombo nós ficamos sem comunicação, ficamos isolados mesmo. Porque não tem como a gente ir e vir para comprar alimento para manter a família no quilombo”.
Até o momento, segundo a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), o racionamento deve durar até o dia 26 de novembro, com a chegada de um transformador que está vindo da subestação Laranjal do Jari, localizada no sul do estado. O prazo será confirmado pelo Ministério de Minas e Energia, do Governo Federal.