O maestro Germano Lins, 61 anos, tecladista, cantor e compositor começou o ano de 2020 dando uma canja no programa Bom Dia Acre e prometendo animar as noites de Rio Branco em parceria com a cantora Yvana Pacífico. Mas, uma infecção urinária o levou a um período de internação na UPA da Sobral no início deste março, de onde teve alta para retornar alguns dias depois e ser transferido para o Hospital do Idoso.
No momento Germano está em um leito do ambulatório do Hospital e fazendo uso de uma sonda para urinar. Os especialistas não conseguem achar o ponto de bloqueio que precisa ser removido para que o dreno natural volte ao seu curso.
Enquanto isso, ele ouve notícias de que na Itália, as autoridades sanitárias estão estudando deixar os maiores de 80 anos sem socorro para ceder a vaga na UTI aos jovens com mais chances de salvação. As informações sobre a pandemia correm de leito em leito e Germano se orienta pelo telefone celular.
Na terça-feira, 17, ele foi levado numa maca até a sala de eletrocardiograma onde calcula que passou uns dez minutos esperando pela médica responsável até ser informado que ela não viria porque estava infectada pelo coronavirus juntamente com dois enfermeiros.
“Observe! Eu com mais de 60 anos, diabético, cardiopata e com o sistema imunológico abalado, fiquei 10 minutos respirando o mesmo ar que respirava a pessoa suspeita de ser portadora do vírus. O risco é enorme”, comenta Germano.
Ex-tecladista de uma das formações da banda Razão Brasileira e há 18 anos no Acre, Maestro espera se recuperar a tempo de voltar à ativa, pois neste ano eleitoral ele costuma ter muito trabalho compondo gingles para os candidatos. Embora ele acredite que, na atual conjuntura, com o povo assolado pelo vírus e pela miséria consequente, as eleições podem ser suspensas e o governo tente um golpe para calar a oposição e impor medidas ainda mais duras contra os pobres.
Esta sensação de perigo de morte ante a escalada da pandemia fica com gosto ainda mais amargo quando Germano define o momento político eleitoral brasileiro. Ele reconhece, porém, que qualquer ilação ainda é apenas ilação, mas todas as tragédias devem ser consideradas para criação de políticas públicas.