O Brasil registrou um avanço expressivo no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa de 2025, elaborado pela organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF). O país subiu 47 posições em relação a 2022, alcançando a 63ª colocação entre 180 países.
O levantamento anual da RSF define liberdade de imprensa como “a possibilidade efetiva de jornalistas, como indivíduos e como coletivos, selecionarem, produzirem e divulgarem informações de interesse público, independentemente de ingerências políticas, econômicas, legais e sociais, e sem ameaça à sua segurança física e mental”.
Apesar da melhora brasileira, o panorama global é preocupante. Pela primeira vez na história do ranking, as condições para o jornalismo são consideradas “ruins” em metade dos países avaliados e “satisfatórias” em menos de um quarto.
Seis em cada dez países caíram na classificação em 2025. A pontuação média mundial ficou abaixo de 55 pontos, o que, segundo a RSF, caracteriza um cenário global “difícil” para a liberdade de imprensa.
O índice da RSF avalia os países com base em cinco indicadores: político, social, econômico, marco legal e segurança. Em 2025, o indicador econômico teve o maior peso negativo no desempenho global — devido à concentração de propriedade dos meios de comunicação, pressão de anunciantes, e à falta de transparência nos auxílios públicos ao setor.
Enquanto o Brasil avançou, outros países latino-americanos apresentaram quedas expressivas. A Argentina perdeu 47 posições e caiu para a 87ª colocação. O Peru foi outro destaque negativo, recuando 53 posições e ficando em 130º lugar. A RSF aponta assédio judicial, campanhas de desinformação e repressão à mídia independente como causas do colapso da liberdade de imprensa no país.
Nos Estados Unidos, o relatório alerta para a deterioração do ambiente jornalístico durante o segundo mandato de Donald Trump. A confiança na imprensa segue em queda, veículos locais estão desaparecendo, e a hostilidade contra jornalistas aumentou.
O relatório também aponta que o Oriente Médio e o Norte da África permanecem como as regiões mais perigosas para jornalistas. O massacre de profissionais da imprensa em Gaza pelo exército israelense é citado como um exemplo crítico. Apenas o Catar (79º) escapa da classificação “difícil” ou “muito grave” na região.
As big techs também são apontadas como fator de risco à liberdade de imprensa. O domínio do chamado GAFAM(Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft) sobre a distribuição de informações desestabiliza a economia da mídia, ao capturar grande parte das receitas publicitárias que antes sustentavam o jornalismo profissional.
Em 2024, o gasto com publicidade nas redes sociais chegou a US$ 247,3 bilhões, um aumento de 14% em relação ao ano anterior. Segundo a RSF, além do impacto econômico, essas plataformas contribuem para a disseminação de desinformação e para a manipulação de conteúdos.
Outro dado preocupante revelado pela pesquisa é que em 46 países, os meios de comunicação estão altamente concentrados, seja nas mãos de conglomerados privados, seja sob controle direto do Estado. Essa concentração compromete o pluralismo, elemento essencial para a diversidade de vozes e opiniões no espaço público.