Pesquisas em andamento na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia apontaram que a nova variante do novo coronavírus encontrada em pacientes japoneses tem origem no estado do Amazonas. As mutações achadas no vírus, até então inéditas, criaram o que será uma provável nova linhagem brasileira.
Segundo os cientistas, ainda é cedo para ter certeza, mas as mutações achadas podem significar que essa nova linhagem tem maior poder de transmissão, visto que duas importantes mutações foram descritas simultaneamente na proteína Spike — que faz a ligação do vírus às células e está é relacionada a capacidade de transmissão do SARS-CoV-2 (como é conhecido o novo coronavírus).
Os dados apontam que a linhagem B.1.1.28, que está presente em todo o país e que é a mais frequente no Amazonas, sofreu uma série de mudanças.
Calamidade
Manaus vive uma nova calamidade por uma segunda onda de casos e hospitalizações, com números maiores e crescimento mais acelerado que na primeira fase. O prefeito David Almeida (Avante) anunciou que o sistema público está novamente em colapso.
O governador Wilson Lima (PSC) afirmou que há carência de oxigênio para pacientes internados. Diante do cenário, ontem, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, visitou Manaus e prometeu ajuda ao estado para suprir a carência da rede.
Segundo o pesquisador da Fiocruz Amazônia que coordena os estudos, Felipe Naveca, o sequenciamento do vírus feito no Japão foi comparado com as amostras existentes no banco de dados do Amazonas coletadas entre abril e novembro do ano passado. Amostras locais de dezembro ainda estão em fase final de análise no estado, e vão ajudar a entender melhor a atuação das mudanças do vírus na nova onda de casos.
"Um grupo de pesquisadores da USP-Oxford me procurou para mostrar os resultados das análises deles a partir de material enviado por um laboratório privado do Amazonas. Essas análises também observaram sequências com mutações semelhantes às japonesas. São dois laboratórios completamente independentes, que chegaram à mesma conclusão simultaneamente, sem se comunicarem. O fato de o grupo ter nos mostrado esse resultado foi uma atitude louvável", explica.
Ao UOL, Naveca explica que uma "coincidência" reforçou ainda mais a convicção de que o vírus passou por mutações preocupantes no Amazonas.