Conquistar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) continua sendo um sonho distante para muitos motoristas do Acre. Um levantamento recente da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) revela que, no Estado, o processo de obtenção do documento pode levar até oito meses e meio de trabalho, considerando uma reserva mensal de 30% da renda familiar — o maior tempo registrado no país.
Essa realidade coloca o motorista acreano entre os mais prejudicados do Brasil quando se trata do acesso à habilitação. Ao lado da Bahia, o Acre lidera a lista dos estados onde o custo da CNH mais compromete o orçamento das famílias. Para efeito de comparação, no Maranhão e no Amazonas, esse tempo estimado gira em torno de sete meses.
O estudo se baseia em uma referência da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que considera saudável destinar até 30% da renda mensal para metas financeiras, como quitar dívidas ou financiar bens — o que, no caso dos acreanos, acaba sendo totalmente consumido pela busca pela CNH.
A grande barreira para os motoristas do Estado é a desigualdade de renda. Enquanto no Distrito Federal a média domiciliar ultrapassa R$ 3,5 mil, exigindo apenas um mês de economia para custear o processo de habilitação, o Acre apresenta uma média inferior a R$ 1,5 mil, dificultando drasticamente o acesso ao documento.
Segundo a Senatran, o número de condutores habilitados no Acre ainda é muito baixo: entre 1 mil e 2 mil a cada 10 mil habitantes — índice distante da realidade das regiões mais desenvolvidas do país. O alto custo do processo, aliado à baixa renda média da população, transforma a habilitação em um verdadeiro obstáculo.
