Animal é um dos mais temidos por extrativistas e colonos do Acre. O ‘veneno’ do réptil vai ser usado para a produção de soro e medicamentos de uso humano
Uma serpente peçonhenta da espécie Lachesis muta, popularmente conhecida como surucucu-pico-de-jaca, foi transportada gratuitamente, na última quarta-feira (9), de Rio Branco, no Acre, para o Rio de Janeiro. O animal foi encaminhado ao Instituto Vital Brazil, um dos laboratórios oficiais existentes no país, que atende a todo o setor público com a produção de soros e medicamentos de uso humano. A serpente foi capturada em Rio Branco e estava sob os cuidados de cientistas da Universidade Federal do Acre (Ufac).
O animal foi embarcado em um voo que partiu do aeroporto de Rio Branco à 1h30 (hora local), realizou uma conexão em Brasília e pousou no Rio de Janeiro/Santos Dumont às 12h10. De lá, foi encaminhado ao instituto em Niterói, onde se juntou a outras serpentes peçonhentas de diversas espécies.
Desde a década de 1980, nenhum animal da espécie é encontrado no Rio de Janeiro, o que indica um possível processo de extinção no estado. O animal terá sua peçonha utilizada para o desenvolvimento de pesquisas e a produção do soro antiofídico do tipo antibotrópico-laquético (SABL), utilizado no tratamento de pacientes picados por surucucus-pico-de-jaca.
A viagem foi realizada através do programa Avião Solidário da Latam, que há cerca de dez anos oferece transporte gratuito de pessoas, animais e cargas em emergências nas áreas de saúde, meio ambiente e catástrofes.
Este ano, o programa já transportou 53 animais peçonhentos em território brasileiro. Em 2023, o Avião Solidário também já transportou 758 pessoas e 21 toneladas de cargas em emergências, atuando diretamente em situações como terremotos na Turquia e na Síria, deslizamentos no litoral paulista e na crise humanitária do povo Yanomami.