Na quarta e penúltima reportagem da série “Municípios Isolados – Seca, desabastecimento, carestia e fome”, o Notícias da Hora relata a situação dos mais de seis mil moradores de Santa Rosa do Purus, distante de Rio Branco 300 quilômetros. A cidade vive drama semelhante ao que enfrenta Porto Walter, Marechal Thaumaturgo e Jordão, o primeiro a abrir a série.
Gilson Rabelo, gerente-geral da Unidade Mista de Santa Rosa do Purus, é o nosso entrevistado. Longe de qualquer função pública, ele conta como morador, em áudio, o drama enfrentado para quem tem Santa Rosa do Purus como destino. Rabelo menciona que, com a estiagem, o quilo de produto transportado, via fluvial, custa em média R$ 1,50.
Com relação à oferta de voos entre Santa Rosa do Purus a Rio Branco, só a ida custa R$ 800,00. Ida e volta sai por R$ 1.600. Se o cidadão quiser ir a Manoel Urbano, por exemplo, sai por volta de R$ 650, “só uma perna”, ou seja, um trecho de ida.
Estrada para Santa Rosa do Purus, um sonho esperado
O deputado estadual Tanízio Sá (MDB) tem trabalhado para tirar Santa Rosa do Purus do isolamento. Na Assembleia, por exemplo, uma das suas ações é defender a destinação de recursos para a viabilização do estudo de impactos ambientais. No final do ano passado, ele apresentou uma emenda ao Orçamento deste ano. Apesar da recusa, ficou assegurado que o governo do Estado garantiria o dinheiro, por meio de suplementação.
“Imagina um cidadão que ganha um salário mínimo, R$ 1.320, precisa vir aqui em Rio Branco. A passagem hoje está em torno de R$ 500. O salário dele já foi 80% só com passagem. Enquanto no verão poderia fazer um estoque lá de material de construção, como brita, cimento”, explicou Tanízio Sá em dezembro do ano passado, ao defender a aprovação da emenda.
Situação de emergência
No último dia 5, o prefeito Taumaturgo Sá (MDB) decretou situação de emergência no município por conta da estiagem. A medida ajuda o poder público no socorro aos quase cinco mil moradores, afetados diretamente, que residem no centro urbano (cidade de Santa Rosa do Purus) e nas comunidades rurais.
Ao tomar a medida, Taumaturgo de Sá diz que levou em consideração “a escassez de chuvas que se estendem desde o mês de maio e tende a permanecer por mais cinco meses, com severa diminuição do nível dos rios e da Umidade Relativa do Ar, fato que aumenta o risco e causa desabastecimento de água potável na zona urbana e em comunidades rurais do município, potencializando danos e prejuízos à saúde humana, aos animais e em todas as atividades agrícolas”.
E acrescenta:
“Considerando a necessidade de se adotar medidas de respostas, preparação e recuperação dos cenários já acometidos dos desastres de estiagem; Considerando a necessidade de tentar evitar o colapso no sistema hídrico e exaurimento dos mananciais do município, comprometendo o fornecimento de água para consumo humano; considerando que os danos provocados pela severa estiagem vêm impactando diretamente a normalidade na distribuição e fornecimento de água potável para a população de diversas comunidades rurais e urbanas deste Município”.
Luta pela sobrevivência na Amazônia acreana
O Notícias da Hora mostra, em vídeo, o drama das embarcações que se arriscam nas águas barrentas do Rio Purus para levar alimentos e mantimentos e, assim, minimizar os efeitos da seca extrema.