Situação, neste domingo no Acre, é de 168 casos suspeitos, dos quais 90,5% foram descartados, o que equivale a 152 testes; onze casos são confirmados
Até a noite deste sábado, 21, dos onze casos confirmados de contágio por Covid-19 registrados no Acre, cinco tiveram como origem a cidade de São Paulo, num encontro de jovens arquitetos numa feira de revestimentos para construção, entre os dias 10 e 13 de março último, na capital paulista.
A informação dos casos positivos é do Departamento de Vigilância em Saúde (DVS), da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e a do evento de negócios, dos próprios infectados.
O levantamento do DVS mostra que outros dois pacientes, ambos profissionais de Saúde, contraíram o vírus em Florianópolis (SC). Já a advogada que pegou o vírus em Fortaleza (CE) foi a primeira a desencadear a transmissão por coronavírus em nível local. A partir da advogada, outros dois profissionais de Direito também foram contaminados em Rio Branco.
“Os dados nos mostram que, embora o governo federal tenha declarado situação de transmissão comunitária, não temos até este sábado, 21, nenhuma contaminação nessa categoria, mas sim, duas transmissões locais”, explica Glória Nascimento, chefe do DVS.
As transmissões locais, a que ela menciona, não podem ser consideradas comunitárias porque os dois advogados infectados sabem que pegaram da colega. A categoria de contágio comunitário, ou sustentado, ocorre quando o paciente não sabe de quem contraiu o vírus.
O paciente mais idoso é um homem de 81 anos, presidente de uma agropecuária extrativista que teria pego a Covid-19 de um grupo de italianos que esteve recentemente no Acre.
As notificações no estado começaram a acontecer no dia 2 deste mês, seguindo até o dia 15 de março com uma média de duas notificações por dia. “Após a confirmação dos primeiros casos, elas aumentaram significativamente”, ressalta Glória Nascimento.
Neste domingo, 22, a situação epidemiológica da Covid-19, pela manhã no Acre, é de 168 casos suspeitos, dos quais 90,5% foram descartados, o que dão 152 testes. Neste momento, onze casos foram confirmados, representando apenas 6,5% do total e cinco, o equivalente a 3% do total, seguem aguardando resultado de exame laboratorial. (Veja a tabela abaixo).
Os casos positivos estão evoluindo sem complicações com indicação de isolamento domiciliar por 14 dias para tratamento e recuperação. Todos os confirmados seguem também aguardando o resultado da contraprova, que será realizada pelo Instituto Evandro Chagas.
Todos os casos confirmados são de pessoas residentes no município de Rio Branco, sendo oito deles com antecedentes de que estiveram fora do estado nos últimos 14 dias.
Quanto ao sexo, quatro casos são do sexo feminino com idades de 26, 28, 37 e 50 anos, e sete do sexo masculino com idades de 25, 29, 29, 30, 37, 45 e 81 anos (Veja a tabela abaixo).
Por que os números do MS são diferentes dos apresentados pela Sesacre
O Acre tem uma ‘carta na manga’ quando o assunto é avaliação de casos de Covid-19 na região. Trata-se do Centro de Infectologia Charles Mérieux, implantado em 2016, a princípio, para estudar e desenvolver tratamentos a pessoas acometidas por hepatites virais no estado.
O laboratório francês, que no Brasil só existe no Acre e na Bahia, tem um instituto também em Pequim, na China e sua sede em Lyon, na França, todos interconectados para oferecer o estado-da-arte em exames para doenças infecto-contagiosas.
Essa condição privilegiada em relação a muitos estados permite que o Acre saiba diariamente dos diagnósticos de Covid-19 do Mérieux, já que as amostras são enviadas ao Mérieux todos os dias.
Isso justifica o fato de Rondônia, por exemplo, não ter registrado ainda nenhum caso confirmado da doença, já que todos os testes feitos até agora no estado vizinho foram enviados diretamente para o Instituto Evandro Chagas, em Belém, instituição para a qual o Acre também envia as suas contraprovas, com um prazo de mais de dez dias para retorno.
Essa condição impacta, inclusive, na contabilidade dos casos no mapa do Ministério da Saúde. Por isso, é preciso esclarecer que muitas vezes vai existir uma diferença entre os números apresentados pelo Ministério da Saúde e os números do estado.
“Isso acontece por causa do processo de avaliação que é dinâmico e ao horário diário de fechamento de dados”, explica Tania Bonfim, técnica responsável pela Área de Influenza e Covid-19 da Sesacre.