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Denúncia revela possíveis irregularidades na Associação Médica do Acre

Denúncia revela possíveis irregularidades na Associação Médica do Acre

Recebimento de salários de forma irregular, domínio familiar e falta de transparência em processo eleitoral da entidade estão entre as denúncias apresentadas

A reportagem do portal Notícias da Hora teve acesso a uma denúncia que levanta suspeita sobre a atuação da Associação Médica do Acre (AMAC)

A denúncia traz, o que seria, uma série de irregularidades no âmbito da AMAC, com destaque para a suposta conduta irregular da médica otorrinolaringologista Jene Greyce Oliveira da Cruz, atual 1ª Secretária da entidade.

Documentos do assentamento funcional da servidora pública da Secretaria Estadual de Saúde do Acre (Sesacre), expõem um padrão questionável de comportamento.

A médica acumula dois afastamentos por mandato classista, ou seja, por fazer parte da dediretoria da AMAC. O primeiro é datado de 2018, com vigência de 10 de novembro de 2017 a 26 de setembro de 2020, e o segundo, com vigência de 19 de setembro de 2020 a 18 de setembro de 2023. Nesse período, de acordo com dados do Portal da Transparência do Governo do Acre, a médica Jene Greyce recebeu um total bruto de pouco mais de R$ 1,3 milhão.

Uma nova solicitação de afastamento por mandato classista, protocolada em 27 de novembro de 2023, permanece em aberto até o momento na Sesacre.

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Fora de escalas de serviço

A situação se agrava ainda mais pela constatação de que Jene Greyce não está lotada em nenhuma unidade de saúde do estado. Desde o término do último mandato classista, em setembro do ano passado. Ainda conforme o Portal da Transparência, a médica continua recebendo um salário bruto de mais de R$ 18,4 mil mensais, totalizando um montante de mais de R$ 110 mil anual, sem estar incluída em nenhuma escala de serviço.

Outro ponto questionado na denunciada é sobre a atuação e transparência na Associação Médica do Acre. Relatórios das eleições disponíveis no site da Associação Médica Brasileira (AMB) indicam 14 membros registrados na representação do Acre, aptos a votar, sendo que apenas cinco destes votaram para a reeleição da atual diretoria, tendo entre os votantes o marido e o filho da médica Jene Greyce, levantando dúvidas sobre a legitimidade das práticas eleitorais e representatividade da entidade.

Uma investigação mais detalhada revela que o endereço fornecido no site da Associação Médica do Acre é o mesmo da clínica particular de Jene Greyce. O telefone fornecido também está associado à clínica particular, evidenciando uma possível utilização da Associação como pretexto para obtenção de licença classista, sem oferecer benefício real à classe médica ou à sociedade.

Outro aspecto preocupante é o revezamento na presidência da AMAC entre Jene Greyce Oliveira da Cruz e seu marido, o também médico Antonio Clementino da Cruz Jr., desde 2008, totalizando 16 anos de domínio familiar sobre a entidade.

“Como cidadão preocupado com a transparência e a ética na gestão pública, decidi trazer à luz essas informações preocupantes sobre a Associação Médica do Acre. É fundamental que as autoridades investiguem essas irregularidades e garantam que os recursos públicos sejam utilizados de forma responsável e em benefício da comunidade”, afirmou o denunciante, que, por hora, pediu anonimato.

Por meio de aplicativo de troca de mensagens, a reportagem do Notícias da Hora conversou com a médica Jene Greyce, que classificou as denúncias como infundadas, afirmando que "posso lhe afirmar de antemão que nada disso é verdade. Nossa entidade, graças a Deus está redonda , atas , estatutos etc. E , meu afastamento da sesacre é por conta de mandato classista posto que sou 1ª Secretária da entidade. Temos direito a esse tipo de afastamento, assim como o Sindmed e CRM".

Por fim, Jene Greyce encaminhou uma nota emitida pela entidade. Veja a nota:

A Associação Médica do Acre, por meio da sua diretoria, vem a público expressar seu posicionamento frente às recentes indagações levantadas por representantes da imprensa sobre as operações, gestão eleitoral e remuneração de servidores.

Primeiramente, reiteramos nosso compromisso com a transparência, ética e legalidade em todas as nossas atividades e processos. A Associação sempre pautou sua atuação na promoção da saúde, no bem-estar da população acreana e no desenvolvimento profissional dos médicos que representa.

Sobre as denúncias relacionadas à atuação da Associação Médica do Acre, esclarecemos que todas as nossas ações são conduzidas dentro dos preceitos legais e regulamentações aplicáveis. Estamos abertos ao diálogo e prontos para fornecer todas as informações necessárias que comprovam a regularidade de nossos projetos e iniciativas.

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Quanto à suspeita de ilegalidade no processo eleitoral da entidade, afirmamos que o procedimento eleitoral segue rigorosamente o estatuto da Associação e as normativas legais vigentes. Garantimos a integridade e a justiça do processo, assegurando a igualdade de condições a todos os candidatos envolvidos. Estamos à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas e apresentar documentação que ateste a lisura do nosso processo eleitoral.

Em relação ao recebimento de salários como servidora pública, a Dra. Jene Greyce, em sua atuação, cumpre com todas as obrigações e deveres inerentes ao seu cargo, respeitando as normas e legislações pertinentes. As atividades desenvolvidas enquanto diretora da Associação não conflitam com suas responsabilidades, no posto que a servidora está afastada sob mandato classista, com atuação desempenhada com dedicação e em conformidade com a lei.

A Associação Médica do Acre e a Dra. Jene Greyce, reafirmam seu compromisso com a ética, a transparência e a legalidade, e permanecem à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que se façam necessários.

Respeitosamente,

Associação Médica do Acre