Indo ao encontro daquilo que defende o prefeito eleito de Rio Branco Tião Bocalom (Progresistas), de que manter as escolas funcionando de modo presencial, seguindo os cuidados e obedecendo o que determina as autoridades de Saúde a respeito da pandemia de covid-19, a Insights for Education realizou um estudo com dados de 191 países que conclui que a abertura das escolas não tem relação com as taxas de infecção por covid-19.
Em reportagem publicada pelo jornal Gazeta do Povo, de Curitiba-PR, esta revela que “quase todas as nações que estão sem aulas presenciais são países pobres na primeira onda da pandemia, que serão extremamente prejudicados pelo déficit educacional; e que a maioria dos países que está enfrentando a segunda onda da pandemia permaneceu com as escolas abertas”.
Veja trechos da reportagem
Estudo com 191 países mostra que manter escolas fechadas durante a pandemia é um erro
Um estudo realizado pelo Insights for Education, com dados de 191 países, concluiu que a abertura de escolas não tem relação com as taxas de infecção por Covid-19. O estudo também constatou que quase todas as nações que estão sem aulas presenciais são países pobres na primeira onda da pandemia, que serão extremamente prejudicados pelo déficit educacional; e que a maioria dos países que está enfrentando a segunda onda da pandemia permaneceu com as escolas abertas.
Na última segunda-feira (7), o Unicef – agência da ONU que tem como objetivo proteger os direitos de crianças e adolescentes – utilizou o estudo como referência em um comunicado oficial no qual alerta sobre os “impactos devastadores no aprendizado, no bem-estar físico e mental e na segurança” das crianças em decorrência do período prolongado com escolas fechadas. Na ocasião, o chefe global do Unicef afirmou que fechar as instituições de ensino significa ir na direção errada.
Método e demais conclusões da pesquisa
O estudo “Covid-19 e Escolas: O que podemos aprender com seis meses de fechamentos e reaberturas” - desenvolvido a partir da análise diária de relatórios ministeriais, planos e políticas de resposta dos países, além de dados de instituições como Unesco e Banco Mundial e de veículos internacionais de imprensa - avaliou a experiência de 191 países por um período de sete meses (entre 10 de fevereiro e 29 de setembro) com o objetivo de analisar e comparar variáveis que influenciam a decisão de líderes de governos e da sociedade quanto à reabertura das escolas."
Com o levantamento de dados, a Insights for Education concluiu que nações mais ricas – e com melhor classificação no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), principal avaliação da educação básica no mundo – retornaram às aulas ou mantiveram as atividades presenciais nas escolas mesmo em períodos de aumento das contaminações diárias. Esse é o caso, por exemplo, do Japão, que durante o período de estudo passou por duas ondas de infecção, com o pico da segunda onda sendo notavelmente mais alto que o primeiro. O ápice das contaminações até então havia ocorrido em agosto durante as férias de verão, mas o sistema de ensino retornou normalmente às aulas mesmo com os casos ainda bastante altos.
Outro exemplo apontado no estudo vem da França. Durante o período de análise, o país havia passado por duas fases de reabertura desde que os primeiros casos da Covid-19 foram detectados. Por dois meses, desde a primeira reabertura até o período de férias (a partir de julho), os novos casos diários permaneceram relativamente baixos ou estáveis. Desde o final de julho, no entanto, um segundo pico passou a se formar com novas contaminações aumentando rapidamente para um valor mais do que o dobro do número de casos no pico inicial de março. Apesar do aumento, a decisão de reabrir todas as escolas presencialmente continuou sendo implementada. Medidas preventivas, como exigir que todas as crianças maiores de 11 anos usem máscaras faciais, são obrigatórias e as atividades extracurriculares foram reduzidas. O governo francês definiu várias condições nas quais os professores podem decidir trabalhar remotamente – como é o caso daqueles com mais de 65 anos.
Quanto ao impacto do fechamento das escolas em países pobres, a Insights for Education argumenta que alunos de países de renda alta e média alta respondem por quase metade de todas as matrículas em todo o mundo, mas serão responsáveis por apenas 16% dos dias letivos perdidos. Em nítido contraste, a outra metade dos alunos globais, de países pobres, terá acumulado um "déficit de aprendizagem" correspondente a 84% do total de dias de aulas presenciais perdidas devido ao Covid-19 em 2020.
A Insights for Education também estima que quase metade dos 1,6 bilhão de alunos do ensino fundamental e médio do mundo (711 milhões) não terão voltado à escola até o final de 2020. A grande maioria das crianças que não voltará à escola neste ano vem de escolas de países pobres, aponta a entidade.