Um levantamento divulgado pela Euromonitor International em parceria com a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) revelou um dado alarmante: uma em cada cinco garrafas de uísque ou vodca vendidas no Brasil é falsificada. O estudo, realizado em 2024, aponta que parte dessas adulterações utiliza metanol, uma substância altamente tóxica e imprópria para consumo humano.
Casos de intoxicação crescem no país
Segundo o levantamento, as notificações de suspeita de intoxicação por metanol aumentam diariamente em várias regiões do Brasil. Na sexta-feira, 3, a Bahia confirmou a primeira morte suspeita relacionada à substância, no município de Feira de Santana.
Outros estados também registraram ocorrências: São Paulo (53 casos), Pernambuco (6), Distrito Federal (1) e Paraná (1). Autoridades investigam se há ligação entre a disseminação do metanol e organizações criminosas. A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) sugeriu que o produto pode ter origem em distribuidoras de combustíveis ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Após operações policiais que coibiram o uso do metanol em combustíveis, o material pode ter sido redirecionado ilegalmente para destilarias clandestinas, segundo a entidade. O governador de São Paulo, no entanto, negou qualquer vínculo confirmado entre as intoxicações e o grupo criminoso.
De acordo com a Euromonitor, 28% das bebidas destiladas comercializadas no país têm algum tipo de irregularidade; desde sonegação fiscal e contrabando até produção sem registro. Os métodos mais comuns de fraude incluem o “refil” de garrafas originais com bebidas de baixa qualidade e o uso de álcool metílico (metanol), altamente perigoso.
A ingestão de metanol é uma emergência médica grave. No organismo, ele se transforma em compostos tóxicos, como formaldeído e ácido fórmico, capazes de causar cegueira, coma e até a morte. Os sintomas iniciais incluem visão turva, náusea, vômito, dores abdominais e mal-estar generalizado.