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Falta no hábito de ler rótulos coloca em risco saúde dos acreanos

Falta no hábito de ler rótulos coloca em risco saúde dos acreanos

O desespero dos acreanos pela compra de álcool em gel 70% como novo hábito de higiene em prevenção ao novo coronavírus tem colocando em risco à saúde daqueles que, seja por distração ou pela falta de hábito de leitura dos rótulos das embalagens dos produtos, se arriscam a sérios problemas dermatológicos nas mãos com uso de produtos destinados a limpeza de ambientes e totalmente inapropriado ao uso humano.

O problema está na diferença entre o álcool em gel 70% do tipo saneantes para limpeza pesada da cozinha, sala, teclados, mouses, mesas, cadeiras e demais objetos e o álcool em gel 70% antisséptico indicado para lavagem das mãos humanas. Ambas as embalagens de tais produtos descrevem sua indicação; modo de uso; os locais onde podem ser usados e as restrições - mas sem a simples leitura dos rótulos - dezenas de acreanos têm reclamando nas redes sociais dos efeitos danosos causando naqueles que usaram o álcool de limpeza de ambientes nas mãos, algo totalmente contraindicado.

“Pense em um álcool forte, passo na mão chega resseca tanto que fica parecendo a mão de um idoso, fora o cheiro que é forte demais, agora não sei se foi adulterado porque uso outros e não fica assim, achei estranho”, reclama uma usuária da rede social Facebook, cuja a reportagem preferiu não identificar-la para evitar constrangimentos.

Outro cliente chegou a denunciar no Ministério Público do Estado do Acre um suposto álcool em gel 70% adulterado, no entanto, o advogado que representa a empresa fabricante, Marcus Vinicius, alega que o produto é regular e segue as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e que a confusão gerada teria sido causada tão somente pela falta de leitura do rótulo, já que tais produtos descrevem sua utilidade e ainda revelam que causam danos se em contato com a pele.

“Na ocasião, o consumidor não observando as informações contidas na embalagem do álcool em gel lá produzido, comunicou que o produto não se tratava de álcool em gel antisséptico, sendo que na própria embalagem as informações já continha tal informação”, afirma o advogado.

Para a promotora do Ministério Público do Estado do Acre, Alessandra Marques, o recomendável é ter atenção a leitura dos rótulos de quaisquer produtos: “é um hábito que deve ser de competência do consumidor, verificar as indicações dos produtos, seus prazo de validade e etc”, esclarece.

O uso do álcool em gel 70% para limpezas de ambientes é indicado para locais que dispensem ou não possam ter o uso de líquidos, tais como equipamentos eletrônicos e macas hospitalares, ou até mesmo para economizar água - uma vez que, por exemplo, o uso de água sanitária requer a mistura com água.

GEL 00

ANVISA RECOMENDA O USO DE OUTROS PRODUTOS NO LUGAR DO ÁLCOOL EM GEL 70% PARA LIMPEZA DE AMBIENTES

Por conta da escassez de álcool em gel, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recomenda outros produtos de limpezas mais acessíveis na desinfecção de objetos e superfícies durante a pandemia da Covid-19.

“Na maioria dos casos, os desinfetantes levam de cinco a dez minutos de contato para inativar microrganismos. Após a aplicação do produto, é necessário esperar esse tempo para que ele faça efeito. Portanto, não é recomendada a limpeza imediata da superfície logo após o uso do desinfetante, dando o prazo suficiente para a destruição do vírus.

Confira abaixo a relação de produtos alternativos ao álcool 70% e que podem ser utilizados para desinfecção de objetos e superfícies:
hipoclorito de sódio a 0,5%;
alvejantes contendo hipoclorito (de sódio, de cálcio) a 2-3,9%;
iodopovidona (1%);
peróxido de hidrogênio 0,5%;
ácido peracético 0,5%;
quaternários de amônio como cloreto de benzalcônio 0,05%;
compostos fenólicos;
desinfetantes de uso geral com ação contra vírus.
Segundo as informações da nota técnica da Anvisa, o uso de toalhas com desinfetante é útil para a limpeza, mas como a superfície higienizada não permanece molhada por mais do que alguns segundos, provavelmente essas toalhas não são muito úteis contra o coronavírus. Ainda de acordo com as orientações, não devem ser usados os seguintes materiais e equipamentos para desinfecção de superfícies e objetos: vassouras e esfregões secos; nebulizadores e termonebulizadores; frascos de spray com propelente.

Água sanitária e alvejantes

A água sanitária e os alvejantes comuns podem ser diluídos para desinfetar pisos e outras superfícies (com tempo de contato de 10 minutos). Lembre-se de que esses produtos podem deixar manchas em alguns materiais. Confira abaixo a diluição recomendada, sendo que a solução deve ser usada imediatamente, pois é desativada pela luz:

água sanitária: diluir 1 copo (250 ml) de água sanitária em 1L de água;
alvejante comum: diluir 1 copo (200 ml) de alvejante em 1L de água.
Confira na íntegra as informações da Nota Técnica 26/2020, que traz também orientações sobre vantagens e efeitos adversos relacionados ao uso dos produtos.