Após o ato de clamor e adoração de fiéis da Igreja Renovada, realizado na sexta-feira, 8, na Filmoteca Acreana, espaço público de cultura gerido pela Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), entidades culturais e artistas locais se manifestaram contra o evento.
"Foi chocante e decepcionante para o setor cultural do Estado do Acre constatar em rede social, na sexta-feira, 8, o relato e os vídeos da Igreja Renovada sobre suas "24 horas de adoração e clamor" dentro da Filmoteca Acreana", diz a nota publicada nas redes sociais.
O texto também ressalta sobre a Portaria Nº 169, de 20 de março de 2023, da FEM, dispõe sobre o uso e a gestão dos espaços públicos.
"De acordo com o Art. 5º da portaria, "eventos de outras naturezas poderão ser realizados nos espaços/equipamentos culturais apenas se não estiverem previstos eventos culturais programados anteriormente, mediante aprovação prévia da FEM. Todavia, tais eventos não podem afetar ou descaracterizar os aspectos culturais, históricos, curatoriais de cada espaço.”
A nota acrescenta que a realização de culto religioso dentro da Filmoteca, a única do Estado, descaracteriza completamente a finalidade do espaço.
"Para além disso, a Filmoteca Acreana é um patrimônio público climatizado, equipado com áudio e vídeo, segurança, energia elétrica, água, banheiros, que foi usado pelos fiéis de uma igreja durante 24 horas para fins privados. Além disso, é necessário salientar o uso que foi feito de servidores que têm a função de dar suporte técnico e promover o bom funcionamento do local, pois tiveram que trabalhar em horário extra-turno, o que representa mais despesas com direitos trabalhistas em momento de crise financeira do Governo do Acre".
Para os fazedores de cultura, tudo o que ocorreu atenta contra os princípios da legalidade, imparcialidade, honestidade e lealdade às instituições públicas.
"Aliás, essa prática vem se repetindo no ambiente de instituições públicas do Acre em horário do expediente, em momentos diários de oração, seja no início, em intervalos, ou no final do trabalho, bem como em finais de semana e feriadões e nos retiros religiosos que ocorrem em escolas públicas. No âmbito da Cultura, artistas, agentes culturais, trabalhadores e trabalhadoras têm enfrentado dificuldades para agendamento de pautas nos poucos espaços em funcionamento".
O presidente da Fundação Elias Mansour, Minoru Kinpara, ainda não se manifestou sobre o assunto.