Possuindo 100 vezes mais vitamina C que o limão e 20 vezes mais que a acerola, o camu-camu, fruta nativa da Amazônia, pode ser a chave para aliviar o sofrimento de pacientes acamados que desenvolveram a chamada úlcera de pressão.
Os estudos, realizados em laboratório, já provaram que é possível utilizar o extrato da fruta em um novo tratamento com pomada, spray, adesivo e gel em pessoas com feridas.
A pesquisa é coordenada pela médica e PhD em Engenharia Aeroespacial e Mecatrônica, Tamara Arruda, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Ela visita o Acre no início de dezembro para continuar seus estudos.
A profissional diz que a úlcera de pressão é um problema de saúde pública, e que se não tratada, pode levar o paciente à infecção generalizada e até à óbito.
“É um problema de saúde pública, que aumenta à medida que o paciente passa mais tempo acamado. A reinternação por conta das feridas eleva os custos hospitalares e impacta na qualidade de vida. Se não tratada, a úlcera pode evoluir para uma infecção irreversível e levar o paciente à óbito”, alerta a médica.
Por que o camu-camu?
A alta concentração de vitamina C foi o fator fundamental para a escolha do camu-camu como base dos estudos. O ácido ascórbico é um dos principais responsáveis por estimular a formação das fibras colágenas, presentes em todos os tecidos do corpo, que ajudam no processo de cicatrização das úlceras após tratadas.
A Dra. Tamara diz que a ideia é fazer um suplemento oral e utilizar o mesmo extrato do fruto para produção de spray, pomada, cápsulas, gel e adesivos, associado ou não com nanopartículas de prata (atividade antibacteriana e antifúngica), e dar acesso especialmente à população de baixa renda.
“As maiores beneficiadas seriam as pessoas com baixa renda pois os produtos têm custo reduzido de fabricação. Além disso, estudos mostram que a eficácia do camu-camu é maior que outros produtos de vitamina C, pois extraímos outras potencialidades do fruto como sua ação antioxidante”, contou.