Uma grávida de 25 anos natural do município de Santa Rosa do Purus perdeu a criança depois de esperar mais de 24 horas por atendimento médico especializado na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco. De sua entrada no hospital de Santa Rosa até a chegada à capital foi quase um dia e meio de muito sofrimento para a jovem e a família, moradora de um seringal distante um dia de viagem às margens do rio Purus.
De acordo com familiares que procuraram a reportagem do Notícias da Hora, a responsabilidade pela demora ocorreu mais pelos médicos do único hospital da cidade, que só solicitaram a transferência após perceberem que a mulher não teria condições de realizar um parto normal, sendo necessária uma cirurgia cesariana.
O município de Santa Rosa do Purus só tem acesso à capital via aérea e sofre com a carência de assistência hospitalar, A cidade não conta com especialistas como ginecologistas ou obstetras. O atendimento à gestante foi realizado pelos dois clínicos-gerais que atuam na cidade. Santa Rosa só conta com um profissional; o outro é médico dos quadros do Exército - que tem um pelotão de fronteira no município - e também realiza consultas no hospital.
Francisca Luziane Nascimento da Silva deu entrada no Hospital da Família de Santa Rosa às 4h da manhã de terça, 1 de setembro, para dar início ao trabalho de parto. Desde o começo, contudo, a paciente já dava sinais de não ter condições de dar à luz sem a necessidade de cirurgia. Mesmo assim os médicos insistiram em realizar um parto induzido, mas sem sucesso.
Percebendo já não haver condições de seguir com o procedimento, decidiram acionar a Secretaria Estadual de Saúde em Rio Branco para solicitar a transferência dela para a maternidade de Rio Branco às 14h de terça. A família também reclama da demora por parte da Sesacre em atender ao pedido, ocorrendo após apenas muita pressão junto à chefia da pasta.
A aeronave só chegou ao município às 10h45 da manhã de quarta, 2. e sendo iniciado o atendimento na capital às 13h. Segundo a família, o atendimento já tinha ocorrido tarde pois a criança (uma menina) estava sem vida. Ela foi retirada da barriga da mãe às 14h. Além da morte da criança, a mãe também teve o útero comprometido, o que levou os médicos a realizar a retirada.
De acordo com moradores de Santa Rosa do Purus, situações como essa são comuns no município pela falta de atendimento médico de média e alta complexidade. Muitas mulheres são obrigadas a fazer o parto normal pela falta de especialistas e equipamentos, o que acaba provocando a morte do bebê, quando não também da mãe.
A reportagem aguardo uma posição da Secretaria de Saúde para comentar a situação com a jovem, que estava em sua segunda gravidez.