Com uma Bíblia na mão, o pastor Rabib Ganum de Araújo, da Assembleia de Deus, diante de uma multidão que caminha nos corredores do cemitério Jardim da Saudade, lê João 11.21. O versículo menciona um episódio entre Marta e Jesus. Ela vai ao encontro de Cristo desesperada. Afinal, seu irmão Lázaro morrera há quatro dias. “Se o Senhor estivesse aqui meu irmão não teria morrido”, lamenta Marta a Jesus.
O desfecho da história é de milagre e esperança. Jesus se aproxima do túmulo e ressuscita Lázaro, segundo as Escrituras Sagradas.
Ressurreição e esperança são as palavras mais mencionadas por membros de diferentes segmentos religiosos em suas mensagens nos cemitérios em Dia de Finados.
Católicos, espíritas, evangélicos, adventistas e Testemunhas de Jeová, os mais presentes na atividade evangelística em cemitérios da capital, têm pontos divergentes sobre a escatologia bíblica, o estudo do fim dos tempos e dos últimos acontecimentos, mas convergem com a ideia de que há uma enternidade.
Pastor Rabib Ganum, da igreja Assembléia de Deus: “Segundo a Bíblia, depois da morte tem um juízo, o homem tem que prestar conta”
Padre Léo, da paróquia Santa Cruz, acredita que a mensagem cristã de ressurreição e vida eterna é um consolo.
“Ele, Deus, disse ao ladrão que estava ao lado d’Ele na cruz: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. Ele ressuscitou para preparar para nós um lugar lá no céu. E o céu é esta esperança que nós cristãos devemos alimentar. Mesmo que venham todas as dificuldades, mesmo que venham o luto, às vezes é tão difícil de superá-lo, mas a esperança é a ressurreição em Cristo. Quando isso vai acontecer? Nós não temos data. Lembre-se que a Sagrada Escritura disse que nós não temos essa data. Nós estamos aqui, você e eu, trabalhamos no cronos. Mas o kairós é o tempo de Deus. E o tempo de Deus não é igual ao nosso. Pode ser que seja hoje. Pode ser que seja amanhã. Vai do coração de Deus.”
Pastor Rabib Ganum diz que há julgamentos distintos de Deus para justos e injustos; pessoas salvas, aquelas que segundo a fé cristã professam a Cristo, e os perdidos, segundo o líder religioso, aqueles que optaram por “uma vida promíscua”.
Padre Léo: “O tempo de Deus não é igual ao nosso. Pode ser que seja hoje, pode ser que seja amanhã”
“Nós acreditamos na ressurreição de Cristo. Ele morreu, no terceiro dia ressuscitou. E é essa esperança que nós pregamos para as pessoas que ainda não têm o encontro, que ainda não tiveram o encontro pessoal com Jesus. Porque o homem, enquanto ele está ausente da presença de Cristo, segundo a palavra de Deus nos ensina, ele está morto em pecado. A partir do momento que ele aceita Cristo como seu salvador, ele tem essa garantia, garantia de ressuscitar com Cristo. Nós não comemoramos o dia dos mortos exatamente porque nós acreditamos na vida. Nós fazemos já há algum tempo esse trabalho evangelístico, exatamente trazendo a conscientização para as pessoas de que a morte não é o fim de tudo, como muita gente ensina. O que nós acreditamos, segundo a Bíblia nos ensina, é que o homem depois da morte tem um juízo, ele tem que prestar conta. E se ele entregou a vida para Jesus e seguiu a Jesus fielmente, ele tem a certeza da vida eterna. Agora, se ele não aceitou a Cristo como salvador e viver uma vida promíscua, infelizmente a Bíblia declara que o juízo de Deus para ele faz-se severo.”