Nesta quarta-feira (26), líderes indígenas das etnias Apurinã e Jamamadi iniciaram um protesto na BR-317, em Boca do Acre, exigindo justiça pela morte de um casal indígena atropelado no dia 15 de fevereiro. A manifestação começou às 10h, dentro de uma das reservas indígenas ao longo da rodovia, no estado do Amazonas.
A comunidade indígena, cumprindo sua promessa, se mobilizou para cobrar respostas das autoridades e um maior comprometimento da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que, segundo os organizadores, tem demonstrado ausência no acompanhamento do caso.
A organização dos povos indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre informou que está acompanhando de perto os desdobramentos do ocorrido e lamentou a falta de apoio da FUNAI. Durante o protesto, as lideranças exigiram que o órgão federal assuma um papel mais ativo para acelerar os procedimentos legais.
“Não podemos permitir que esse crime caia no esquecimento. A FUNAI tem a responsabilidade com os povos indígenas e precisa estar presente, acompanhando este caso de perto”, declarou um dos líderes.
Joemisson Fernandes, vice-coordenador da Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre (OPIAJBAM), revelou que, durante a manifestação, foi contatado pelo promotor de justiça do município. O promotor assegurou que até sexta-feira, dia 28 de fevereiro, o Ministério Público formalizará a denúncia contra o responsável pelo atropelamento. No entanto, o movimento indígena reforçou que continuará mobilizado até que haja uma resolução concreta.
As lideranças alertaram que, caso não haja progressos no processo judicial, a BR-317 poderá ser bloqueada por tempo indeterminado como forma de pressionar as autoridades a garantir punição ao infrator. “Se a justiça não for feita, tomaremos medidas mais drásticas. A estrada é estratégica, e, se necessário, faremos um bloqueio total até termos uma resposta concreta”, afirmou Joemisson Fernandes.
A tragédia resultou na morte do casal Apurinã e deixou cinco crianças órfãs, sendo três menores de idade, o que agrava ainda mais a situação. Familiares e membros das comunidades indígenas afetadas buscam apoio para oferecer assistência às crianças enquanto aguardam uma decisão judicial que responsabilize o autor do crime.
O acidente ocorreu no dia 15 de fevereiro, em frente ao frigorífico Frigo Raça.