Bruno Feliciano, um jovem de 22 anos residente em Cruzeiro do Sul, a segunda maior cidade do Estado, é deficiente visual desde o nascimento.
Recentemente, ele vivenciou uma experiência marcante ao ser sorteado para compor o Conselho de Sentença em um julgamento por tentativa de homicídio, quem será realizado na Sala das Sessões do Tribunal do Júri da Cidade da Justiça de Cruzeiro do Sul.
Curiosamente, Bruno é estudante de Direito e foi aceito tanto pela defesa do réu quanto pela acusação, representada pelo promotor de Justiça do Ministério Público do Acre (MPAC), Fernando Terra.
A juíza de Direito substituta, Gláucia Gomes, que presidiu a sessão de julgamento, precisou tomar algumas providências para viabilizar a participação de Bruno no Conselho de Sentença, especialmente na votação.
Cédulas em Braille foram criadas para permitir que ele participasse plenamente do processo. A juíza destacou a dedicação de Bruno na defesa dos direitos das pessoas com deficiência.
Segundo Feliciano, uma pessoa não pode ter sua vida prejudicada devido à sua deficiência, e foi justamente o júri da Boate Kiss, realizado em dezembro de 2021, que o motivou a querer ser jurado e representar a sociedade.
Ele expressou sua preocupação com a forma como o júri da Boate Kiss foi conduzido, afirmando que alguns aspectos questionáveis podem ter comprometido a interpretação dos jurados.
Durante o julgamento, Bruno foi auxiliado por uma enfermeira, e agradeceu pela forma solícita como todos o trataram. Ele enfatizou que sua deficiência visual não foi um fator determinante para continuar no júri quando foi sorteado para compor o Conselho de Sentença com outras seis pessoas.
"A deficiência não foi fator preponderante da decisão de eu continuar no júri, de enviar documento de dispensa. Na verdade, a deficiência nem chegou a ser considerada. Nem lembro da minha deficiência quando vou tomar alguma decisão. Não me impede", ressaltou o jovem.
Sua participação bem-sucedida no júri popular destaca a importância da inclusão e do respeito aos direitos das pessoas com deficiência em todos os âmbitos da sociedade, incluindo o sistema judiciário.