Os jogadores do Palmeiras Mayke Rocha Oliveira e Gustavo Scarpa alegam ter perdido R$ 11 milhões em uma empresa de criptomoedas que oferecia rendimentos de até 5% ao mês.
Em processos que a reportagem do InfoMoney teve acesso, os atletas dizem ter investido os valores milionários na Xland Gestora de Investimentos, com operações no Acre e em Brasília. No momento de pedir os saques, no entanto, a companhia não teria devolvido o dinheiro.
Oliveira, na ação que corre na 14ª Vara Cível de São Paulo, pede a devolução de R$ 4,3 milhões mais um suposto lucro de R$ 3,2 milhões; e Scarpa, em processo na 10ª Vara da capital paulista, solicita reembolso de R$ 6,3 milhões. O advogado que representa os atletas foi contatado, mas não enviou resposta até o fechamento deste texto.
Em seu site, a Xland afirma ser uma exchange especializada na gestão de criptoativos por meio de contratos de aluguel. A empresa – fundada em 2019, segundo dados da Receita Federal – tem um modelo de negócio semelhante à Rental Coins, do “Sheik das Criptomoedas”, preso no final do ano passado, e à Braiscompany, suspeita de pirâmide.
Em dezembro, o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) abriu um inquérito civil para investigar a Xland. Em parecer, o órgão disse que a empresa tem indícios de ser um esquema Ponzi, visto que tenta atrair consumidores com promessas de lucro fácil.
“O esquema empreendido pela empresa investigada implica potencialmente na perspectiva de lesão a um número indeterminado de pessoas, dadas as suas características, comumente associadas aos chamados esquemas de pirâmide”, escreveu o MP.
A reportagem entrou em contato com a Xland por telefone divulgado no Instagram de um dos sócios do negócio, mas a chamada caiu na caixa postal. A empresa foi fundada por Jean do Carmo Ribeiro e Gabriel de Souza Nascimento.
Nos processos, os jogadores do Palmeiras dizem que investiram na suposta pirâmide cripto após indicação da WLJC Consultoria e Gestão Empresarial, que pertence ao jogador Willian Gomes de Siqueira (conhecido como “Willian Bigode”), do Fluminense, e outros dois sócios – Loisy Marla Coelho Pires de Siqueira e Camila Moreira de Biasi Fava.
A WLJC é citada nas ações, assim como uma terceira firma chamada Soluções Tecnologia.
Em nota, a defesa da WLJC e do jogador do Fluminense disse que, assim como os atletas do Palmeiras, Willian também teria sido lesado pela suposta pirâmide de criptomoedas.
“Willian também se sente vítima da Xland, já que, somando os rendimentos com o capital aportado, teve um prejuízo de aproximadamente R$ 17,5 milhões com a Xland, uma vez que solicitou o resgate dos valores em novembro de 2022 a até hoje não recebeu qualquer quantia”.
Na nota, a defesa do jogador diz que ele conheceu a empresa de ativos digitais por meio de outra pessoa de sua confiança e só comentou sobre o negócio (com os autores das ações) “após investir capital próprio porque lhe foi apresentado uma série de garantias”.
Cuidados na hora de investir
Lucas Sharau, especialista em mercados financeiros e assessor na iHUB Investimentos, disse que o caso dos jogadores do Palmeiras é um episódio clássico de golpe, que acontece desde os primórdios da humanidade.
Ele falou que hoje os criminosos usam criptoativos como isca para atrair vítimas porque muita gente não conhece como esses ativos realmente funcionam.
“Como o histórico das criptomoedas mostrou possibilidades de ganhos realmente altos, isso enche os olhos daquele investidor mais ambicioso, e é pela ambição que normalmente as pessoas são ludibriadas por esse tipo de golpe, disse.
De acordo com Sharau, é preciso sempre tomar cuidado com investimentos que prometem alta rentabilidade garantida, e é ideal conhecer bem o produto financeiro antes de fazer qualquer investimento.