Desde março de 2020, a vida de todos no mundo precisou mudar: a pandemia do coronavírus, que causa a Covid-19, atingiu o mundo de forma rápida, mas com o avanço da ciência, 16 meses após o primeiro caso ser descoberto na China, já é possível ver parte da população recebendo a vacina contra o vírus.
Nesse um ano de pandemia, os acreanos mudaram os hábitos, choraram a partida de pessoas queridas, e temeram, dia após dia, a infecção pelo vírus. Com as notícias acontecendo a todo o momento, parece que foi ontem o dia em que o governo anunciava os primeiros acreanos com o vírus.
Como uma corrida para dar a notícia negativa, as redes sociais vibravam com qualquer suspeita de pessoa contraminada. E quando teve a primeira morte? Você como quando ela foi registrada? E a ocupação de leitos? Quando começou a aumentar? A campanha influenciou? E as festas de fim de ano? Se não teve carnaval, o que causou o aumento nos casos em fevereiro e março de 2021?
A campanha de vacinação começou, mas caminha a passos curtos em todo o país. Sem data para morrer, a pandemia da Covid constrói e destrói histórias de acreanas e acreanos que lutaram e lutam, todos os dias, pela sobrevivência. Veja abaixo a linha do tempo da pandemia da Covid-19 no Acre. Em março de 2021, o Acre registrou a marca de 1 mil mortes pela doença.
Apesar das mortes e dos contaminados, é bom destacar: nesta quarta-feira, dia 17 de março de 2021, segundo boletim da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), 52.176 pessoas já receberam alta médica e estão curados da doença. Outros 359 seguem internadas e tratando da infecção.
MARÇO/2020
No dia 17 de março de 2020, às 10 horas, autoridades confirmavam os três primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus em Rio Branco. Em coletiva de imprensa, o secretário de Saúde, Alysson Bestene revelava: dois arquitetos e uma advogada eram as vítimas do vírus. No mesmo dia, escolas e universidades tiveram as aulas suspensas; o serviço público passou para o sistema de home office; naquela mesma tarde, a UPA do 2º Distrito passou atender apenas pessoas com os sintomas da Covid. Ainda naquela terça-feira, dia 17, o governador Gladson Cameli já havia decretado situação de emergência em razão a doença. E Cameli disparou: “Vou parar tudo. Vou priorizar a saúde!”. Era o anúncio do primeiro decreto de isolamento social. A fronteira com o Peru e Bolívia também foi fechada.
ABRIL /2020
No dia 05 de abril, domingo, o Acre registrou 48 casos positivos da doença. No interior, Acrelândia registrava um surto da doença e tornava-se, proporcionalmente, a cidade brasileira com mais casos da doença. A cidade registrou também os dois primeiros casos de transmissão comunitária. No dia seguinte, a advogada Isabela Fernandes, uma das três primeiras infectadas com o vírus no estado, recebia alta médica após 13 dias internada “entre a vida e a morte”. No dia 06, o estado registrava a primeira morte pela doença, uma mulher de 79 anos, que morreu na UPA. Na política, Gladson Cameli e Socorro Neri se aproximam e começam a traçar estratégias juntos, mas negam pensar em política. Governo começa a avaliar “toque de recolher” nos municípios.
MAIO /2020
Com 6 mil infectados pelo coronavírus, o mês de maio foi um dos mais assustadores: neste mês, o estado completou 100 mortes pela doença e apesar do grande número de casos, os sintomas ainda eram novos e carentes de estudos. Neste dia, o governador do Acre, Gladson Cameli, realizou um ato simbólico de homenagem aos mortes pela doença viral. A Prefeitura de Rio Branco anunciou o rodízio de veículos que durou dez dias. Ainda em maio, o governo estadual prorrogou pela quinta vez o decreto de isolamento, contudo, o número de casos só aumentava mais a cada dia. Contaminação pelo vírus aumenta nas tribos indígenas. Igrejas começam a pressionar governo por reabertura; no comércio, mais preocupação com o número de demissões subindo.
JUNHO /2020
O Acre ultrapassa os 13 mil casos de infecção pelo novo coronavírus. Começa o debate sobre o adiamento das eleições para novembro ou dezembro. O número de mortes salta consideravelmente, e média/dia passa de 10 em todo o estado. A ocupação de leitos, no dia 17, já era superior a 80%, motivo de preocupação às autoridades que, naquele momento, só dispunha de 48 leitos de terapia intensiva. Cruzeiro do Sul já era a cidade com maior número de aumento dos casos depois da capital. Governo prorroga pela sexta vez o decreto de isolamento, mas o “fique em casa” começa a se fragilizar. Com isso, governo estadual cria o Pacto Acre Sem Covid, com as classificações das bandeiras diante dos números. Era a volta gradual do funcionamento do comércio. Ainda neste mês, Gladson Cameli declarou apoio à reeleição de Socorro Neri, ignorando Tião Bocalom, do mesmo partido.
JULHO /2020
Com mais de 19,9 mil casos da Covid-19, o Acre registrava em julho de 2020 531 mortes pela infecção. Em julho, por falta de material, o laboratório de análises dos exames ficou pelo menos cinco dias sem funcionar, e quando retomou os resultados, os resultados assustaram a população. Número de mortes segue na média diária de 10 casos confirmados. Com aumento no número de queimadas, sobe o número de atendimento médico por problemas respiratórios. Mesmo com a Covid, mais de 300 incêndios residenciais são registrados pelos órgãos de controle.
AGOSTO /2020
Em meio à pandemia, partidos políticos ignoram as mortes e começam a discutir as eleições municipais. A professora Socorro Neri e progressista Gladson Cameli, de olho nas eleições, caminham a cada dia mais próximos politicamente. Após o anúncio do apoio, quase dois meses antes, o governador revela que a até a então prefeita da capital não acreditou que o teria como cabo eleitoral. O número de queimadas urbanas aumentava 160%, e, no mesmo sentido, a Covid-19 registrava 24 mil casos de infecção pelo coronavírus e fechava o mês com mais de 605 mortes, já com os óbitos reduzindo na média diária. Com redução nos casos graves, o estado fechava o mês com mais de 50% dos leitos clínicos e de UTI disponíveis nas redes pública e privada de saúde.
SETEMBRO /2020
Com a proximidade das eleições de novembro, a aparente tranquilidade nos números da pandemia no estado fazem os políticos relaxarem as prevenções. A realização das convenções partidárias, com aglomerações, deixaram de lado as regras impostas pela então prefeita e pelo governador. De um lado, Bocalom recebe o apoio da cúpula do PP, e de outro Cameli tenta abraçar Socorro e levar seus seguidores com ela. Acre ultrapassa as 655 mortes por Covid-19 e já registra 27,8 mil casos positivos da doença. As internações, em queda, só ocupam 33% dos leitos disponíveis para doentes com o coronavírus.
OUTUBRO /2020
Nas duas primeiras semanas de campanha eleitoral, a surpresa: os números da pandemia começam a aumentar em todo o estado. Enquanto políticos se abraçam na declaração de apoio e “arrastões” em busca de votos, dezenas de pessoas volta a morrer diariamente nos hospitais do estado. A média de morte diária se aproxima novamente de 10, e o estado ultrapassa os 30 mil casos, com mais de 3 mil exames positivos em menos de um mês. Diante dos números, Justiça Eleitoral tenta manobrar e proíbe aglomerações de campanha após reunião com partidos políticos. Do outro lado, partidos negam que campanha eleitoral esteja interferindo no aumento dos casos – e das mortes por Covid-19.
NOVEMBRO
No mês das eleições “atípicas”, Tião Bocalom e Socorro Neri, em Rio Branco, estão tecnicamente empatados a 15 dias do pleito em primeiro turno. Em Cruzeiro do Sul, os três candidatos a prefeito (Zequinha Lima, Sargento Adonis e Fagner Sales) também seguem empatados. Cinco dias antes da eleição, Bocalom, após abraçar e beijar eleitores mesmo durante a pandemia, testa positivo para a Covid. Impedido de votar, Marfiza Galvão, a vice, tenta dar conta da campanha. No dia 15 de novembro, deu 2º turno: Socorro e Bocalom vão para o “tudo ou nada”. Enquanto isso, mais mortes: 34 mil infectados pelo coronavírus e a marca de 710 óbitos pela infecção pelo vírus. Alheios a tudo isso, os progressistas Zequinha e Tião levam a melhor.
DEZEMBRO /2020
No último mês do ano, e a chegada de um novo, os tempos continuavam difíceis. A conta da Covid-19 ultrapassa a marca de 41,6 mil casos da doença. No último dia do ano, as mortes já estavam em 995. Resultado do “pós-eleição”, mais gente sofria com a doença. Os hospitais voltaram a ficar lotados, e a ocupação de leitos subiu consideravelmente. Em 23 de dezembro, véspera de natal, o anúncio: todo o estado foi classificado em bandeira laranja e amarela – Alto Acre. Com as festas de fim de ano, a população ignorava o decreto de classificação e se aglomerava nas ruas, praças e casas de familiares e amigos. Era o anúncio de um janeiro duro e com mais gente doente e mortes pela doença.
JANEIRO /2021
O ano começa sob nova direção nos 22 municípios acreanos. Apesar dos novos gestores, a pandemia não mudou: os números continuam altos e o temor de um colapso no sistema de saúde só aumentava. Apesar dos esforços, a estrutura que o governo montada todos os dias no sistema de saúde não era suficiente para receber todos os doentes. Gladson Cameli cancela carnaval, e Alto Acre, antes no amarelo, avança direto para a bandeira vermelha da pandemia. Com os números aumentando ainda mais, sem controle, o governo anunciou toque de recolher das 22h às 06h. Se no primeiro dia do ano o Into estava com 90% de ocupação, o mês terminava com quase 100% de ocupação de leitos. O primeiro mês do ano terminou com 48.467 casos confirmados de Covid-19 e 867 mortes após contaminação pelo coronavírus. Também em janeiro, no dia 19, o governo começou a campanha de vacinação contra a doença.
FEVEREIRO /2021
O relaxamento das medidas de prevenção contra o coronavírus já causa mais prejuízos. Nos10 primeiros dias de fevereiro de 2021, o estado registrou 35 mortes pela doença. Com as estatísticas acima do esperado, os hospitais começam a apresentar sinais de quem vão colapsar. Preocupado com o quadro, Gladson Cameli decreto que todos os municípios vão ficar na bandeira vermelha, de emergência, a mais dura do Pacto Acre Sem Covid. O comércio fecha as portas enquanto os empresários gritam pedindo a ajuda do governo para o funcionamento regrado. Foram quase 70 mortes no balanço dos dois primeiros meses. O mês fecha com 57.534 infectados e 998 mortes desde o início da pandemia. Apesar de estar acontecendo, a vacinação contra a Covid-19 caminha a passos curtos, enquanto os números seguem aumentando em todo o estado e país.