Dez anos e dois meses após a morte da modelo Eliza Samúdio, assassinada pelo goleiro Bruno Fernandes em 2010, a mãe, Sônia Moura, ainda tem esperanças de achar o corpo da filha. Mesmo em meio as obrigações com o neto, de 10 anos, em Campo Grande ela diz que pensa "várias vezes ao dia" na brutalidade do crime.
"Meu neto está bem. Agora ele está tendo aulas online e já vamos fazer a refeição juntos. Nestes 10 anos, foi eu e Deus quem o criamos. Continuo achando um absurdo. Ele [Bruno] está lá no Acre jogando bola e continua sem falar nada, nenhum sinal. Penso nela não só uma, mas, várias vezes ao dia", afirmou ao G1 D. Sônia.
Segundo a avó, a pensão ainda tramita na Justiça e, recentemente, ela também ficou indignada com o fato dele ter a progressão de pena concedida em Varginha (MG), o que fez o goleiro responder pelo crime em regime semiaberto domiciliar.
"Os responsáveis pela morte dela agora estarão soltos e até hoje ninguém me deu a única resposta que gostaria de ter: O que fizeram com o corpo da minha filha?", disse na ocasião.
Além do homicídio triplamente qualificado, Bruno foi condenado a 20 anos de prisão também por ocultação de cadáver (pena extinta posteriormente) e pelo sequestro e cárcere privado do filho de ambos, à época recém-nascido.
Em fevereiro de 2017 uma liminar do Superior Tribunal Federal (STF) concedeu habeas corpus a Bruno. Em abril do mesmo ano, a liminar foi revogada pela 1° Turma do STF. Na ocasião, ao saber da possibilidade Bruno ser libertado, Sônia disse temer pela vida do neto e pela própria.
Há pouco mais de um mês, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul negou pedido de revisão de paternidade do menino Bruno Samudio de Souza. O goleiro alegou que reconheceu a paternidade voluntariamente e que não houve exame de DNA. Apesar de determinado o pagamento de pensão, Sônia diz que Bruno jamais pagou qualquer valor a Bruninho e que, se pagar, o dinheiro será investido nos estudos do menino.
Entenda o caso
Eliza Samudio desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e de acordo com as investigações era amante de Bruno, que atuava como goleiro no Flamengo. À época o jogador não reconhecia a paternidade de Bruninho.
Ele foi detido em julho daquele ano e levado para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG). Pouco depois, o clube anunciou a demissão do jogador, que seguiu preso e foi condenado em primeira instância em março de 2013.
Durante a audiência que terminou em sua condenação, Bruno respondeu a uma única pergunta de seu advogado, Lúcio Adolfo. O defensor questionou se o goleiro sabia que Eliza ia morrer.
"Macarrão" a quem Bruno se refere é o amigo Luiz Henrique Romão, que também foi condenado por participação no crime. Ele responde em liberdade desde 2018. Em entrevista, disse que ganância motivou sua participação na morte de Eliza.
Ele também havia sido condenado por ocultação de cadáver, mas esta pena foi extinta, porque a Justiça entendeu que o crime prescreveu. As penas somadas, que eram de 22 anos e 3 meses, caíram, então, para 20 anos e 9 meses de prisão.
Bruno chegou a sair da prisão em fevereiro de 2017, após a decisão do STF concedendo habeas corpus, mas retornou à prisão após a revogação da decisão em abril do mesmo ano. Ele vinha trabalhando em diversas instituições durante o dia, até cometer uma falta grave em 2018, pela qual a Justiça determinou que ele só poderia ter progressão de pena em 2023.
O benefício de progressão de pena concedido em 18 de agosto de 2019. Bruno deixou o presídio no dia seguinte.
Ele atualmente joga pelo Rio Branco-AC.