O pastor e líder da igreja pentecostal Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, afirmou, em um vídeo publicado nessa terça-feira (17) em seu canal no YouTube, que não vai diminuir o número de cultos ou fechar igrejas por causa da pandemia do novo coronavírus, contrariando recomendações de autoridades de saúde para que se evitem aglomerações.
Para Malafaia, a igreja é "tão importante quanto as medidas contra" a doença. O pastor afirmou que suspenderá os cultos somente se o COVID-19 forçar as prefeituras e estados a interromperem o funcionamento dos transportes públicos. Mas o pastor ressaltou que deixará igrejas abertas para atender pessoalmente os fiéis.
Malafaia propôs como alternativa que "forças-tarefa" sejam deslocadas para estações de trem, metrô e terminais de ônibus, e façam “uma limpeza para amenizar" a disseminação da doença.
Grupo minimiza riscos
É a segunda vez nesta semana que um pastor evangélico vem a público minimizar os riscos do novo coronavírus, apesar de todos os alertas das autoridades de saúde.
No domingo (15), em uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook, o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, disse aos fiéis que não se preocupassem com a propagação da doença. Ele atribuiu a tensão que o mundo vive a uma "tática de Satanás" e ao trabalho da mídia. Depois de uma grande repercussão negativa, ele apagou o vídeo.
A Igreja Universal não cancelou os cultos. Em seu site oficial, informa que "obedece a quantidade estipulada pelas autoridades e controla a entrada de público". Além disso, orienta que se evite orações com "imposição de mãos" e diz que disponibilizará álcool em gel e água e sabão para os fiéis.
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), divulgou nota para pedir a reabertura dos templos. Os parlamentares argumentam que precisam de orações para enfrentar a "pandemia maligna".
"Sabemos que a Igreja é lugar de refúgio para muitos que se acham amedrontados e desesperados. A fé ajuda a superar angústias e é fator de equilíbrio psicoemocional. Por isso, neste momento de tanta aflição, é fundamental que os templos, guardadas as devidas medidas de prevenção, estejam de portas abertas para receber os abatidos e acolher os desesperados", defende o grupo.
A bancada evangélica disse dar "apoio irrestrito à decretação do estado de calamidade pública" pelo governo federal. A decisão do governo permite o rompimento da lei de teto de gastos.
Católicos
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) recomendou que as igrejas católicas sigam os protocolos das autoridades. O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Sherer pediu, em entrevista ao vivo à CNN, na quarta-feira (18), que igrejas não promovam as tradicionais celebrações de Domingo de Ramos, Sexta Santa e Domingo de Páscoa.
A reunião anual dos bispos, que aconteceria na próxima semana, foi cancelada. Diversas arquidioceses e dioceses pelo Brasil suspenderam as missas públicas.