O sepultamento de uma idosa de 63 anos, vítima de Covid-19, que ocorreu na última terça-feira (23), no cemitério São Francisco em Mâncio Lima, será apurado pelo Ministério Público, por uma suposta irregularidade nos critérios adotados. De acordo com os protocolos baseados nas normas vigentes, durante o período de pandemia, todas as pessoas que morrerem vítima do novo coronavírus no Hospital do Juruá devem ser sepultadas no Cemitério de Cruzeiro do Sul, em uma área reservada exclusiva para essa causa.
O diretor clínico do Hospital do Juruá, Drº Marcos Lima, esclareceu que não cabe a unidade de saúde definir o local de sepultamento dos pacientes que morrem em decorrência da doença. Segundo ele existe este protocolo que define as normas e rotinas adotadas com base na legislação sanitária vigente durante o período da pandemia.
“As funerárias da região, estão todas cientes desse protocolo e devem seguir. O caso de um sepultamento de um paciente que ocorreu nos últimos dias no município de Mâncio Lima, está sendo apurado a responsabilidade pelo Ministério Público, da funerária que realizou o translado desse corpo”, explicou o diretor.
O corpo foi transladado por uma funerária de Mâncio Lima. O proprietário do local, Sebastião Costa, explicou que o filho da vítima, que é vereador no município, procurou o serviço e informou que a mulher teria contraído Covid-19, mas que já tinha se curado, e a causa da morte foi uma cirrose hepática.
“Pelo vereador ser uma autoridade eu confiei a inteira confiança. Sempre fui uma pessoa muito clara, prestei meu serviço com clareza e com honestidade, e nunca faria um serviço desse para prejudicar minha imagem e da minha empresa. Espero que seja tudo esclarecido, que ele realmente tenha a liberação desse corpo, porque o que ele passou para mim é que a mãe dele teve Covid, mas o médico havia tratado e a causa da morte teria sido cirrose hepática. Por esse motivo fizemos o procedimento normal”, contou o proprietário da funerária.
Sebastião relatou ainda que após o sepultamento foi procurado pela Secretaria Municipal de Saúde de Mâncio Lima e pela Vigilância Sanitária da cidade, informando sobre a irregularidade nos serviços.
“Pegamos o corpo no IML e trouxemos para o bairro São Francisco, depois a Vigilância Sanitária entrou em contato comigo dizendo que tinha sido um serviço irregular, depois a Secretaria de Saúde Municipal e eu dei os devidos esclarecimentos”, falou.
Procurado pela equipe de reportagem, o vereador filho da vítima, Mazinho da Silva, alegou que em nenhum momento foi orientado sobre as procedências em relação ao local de enterro, recebeu apenas um papel com algumas instruções para o velório. Ao receber os documentos necessários no hospital, se dirigiu para o IML para liberação do corpo, em seguida acionou a funerária de Mâncio Lima, mas não apresentou e nem foi exigido pela funerária os documentos que atestavam a causa da morte. Segundo ele, a certidão de óbito consta que a vítima morreu em decorrência de síndrome respiratória aguda e Covid-19.