Deitado em sua cama, o aposentado Raimundo Bandeira, de 67 anos, recebeu em sua casa, em Rio Branco, a equipe da Agência de Notícias do Acre, para falar de sua expectativa de liberdade, após cirurgia no joelho esquerdo, para tratar de uma artrose
Quem vê o largo sorriso no rosto de Raimundo Bandeira nem imagina que por dez anos ele sofreu de osteoartrite crônica, mais conhecida como artrose, doença que atinge as cartilagens e as desgasta, deixando desprotegidas as articulações, estruturas essenciais para a movimentação do corpo.
O drama de seu Raimundo teve início em 2004, e em 2012 a doença se agravou ao ponto de ele ter que se afastar, após 20 anos de profissão, do trabalho de motorista numa empresa de transporte coletivo e ficar preso em uma cama. “Tinha dias que doía tanto meu joelho que ficava inchado e eu não aguentava”, lembra.
Raimundo Bandeira antes de passar pelo procedimento operatório. Foto: arquivo pessoal
O problema pode surgir como consequência do envelhecimento natural do organismo, mas também por causa de traumas, gota (artrite gotosa), obesidade, diabetes ou uso excessivo da articulação, que é o caso de Bandeira, pelo exercício da profissão.
“Foram 20 anos dirigindo ônibus pela cidade; em média, por dia, um motorista mete mais de 1.500 marchas, e naquele tempo a embreagem dos ônibus eram muito duras”, explica ele.
Após idas e vindas em busca de uma solução para sua enfermidade, no início de 2019 parecia que o sofrimento chegaria ao fim. Ele já havia passado por todo o procedimento pré-operatório, porém a pandemia atrapalhou seus planos. “Meu amigo, isso me deixou no chão, fiquei muito bravo, mas fazer o quê, né?”, relata.
O aposentado confessa que já não tinha mais esperança de conseguir ser operado e ver cessar tanto sofrimento, com limitações em tudo. “Eu não acreditava mais que iria ser cirurgiado, minha vida era ficar dentro de casa, acompanhado por essa dor”, relembra.
A ligação da esperança
Mas a espera de uma década de Raimundo Bandeira chegou ao fim com a iniciativa do governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde (Sesacre), com o mutirão de cirurgias Opera Acre. Raimundo é um dos mais de dois mil pacientes que já passaram por procedimento operatório.
“Nem acreditei quando me ligaram lá da Fundação [Fundhacre] para avisar que eu tinha sido chamado para fazer a cirurgia”, conta.
O grande dia
Há pouco mais de dez dias, o aposentado deu entrada no Hospital Santa Juliana, onde foi recepcionado pela equipe do Opera Acre, liderada pelo ortopedista Aluízio Pereira Junior. “Olha, essa equipe não é nota dez, mas sim nota mil”, enaltece.
Raimundo Bandeira aguardando no leito para passar pelo procedimento operatório. Foto: arquivo pessoal
Raimundo faz questão de ressaltar o cuidado e a atenção com que a equipe de profissionais, desde o maqueiro até o cirurgião que o atendeu, ofereceram-lhe durante todo o procedimento.
“Só tenho a agradecer ao governo do Acre, à Secretaria de Saúde, e a toda a equipe que me atendeu. O maqueiro, quando cheguei, me deu muita força, e ainda me chamava de príncipe; me senti acolhido e pude ver o empenho deles com a gente”, destaca
Seu Raimundo Bandeira no leito após o procedimento operatório. Foto: arquivo pessoal
Seu Raimundo já está em casa, recuperando-se da cirurgia, e, no mais tardar em 90 dias, poderá andar sem ajuda das muletas. “Agora estou liberto, poderei fazer o que quiser e ir para onde quiser, com minha saúde de volta”, comemora.
O mutirão Opera Acre vai beneficiar mais cinco mil acreanos que estão na fila, aguardando procedimentos cirúrgicos na Fundação Hospitalar do Estado (Fundhacre). O mutirão prosseguirá nos próximos seis meses e serão investidos R$ 25 milhões. O Opera Acre conta com profissionais médicos do estado que realizam procedimentos cirúrgicos nas áreas de cirurgia-geral, vascular, urologia, ginecologia, cabeça e pescoço, otorrinolaringologia, mastologia e pediatria.