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No Acre, criança relata em carta comovente a Papai Noel que gostaria que sua irmã "pudesse ouvir sem aparelho"

No Acre, criança relata em carta comovente a Papai Noel que gostaria que sua irmã "pudesse ouvir sem aparelho"

Gabriel Angel, de 9 anos, não pediu ao Papai Noel um vídeo game ou uma bicicleta, o que seria natural para uma criança da idade dele. Ao bom velhinho, Gabriel apenas comunicou em um cartinha que gostaria que sua irmã, Aninha de Paula, de 10 anos, pudesse ouvir sem a necessidade de um aparelho, um implante coclear, como ocorre atualmente.

Na carta endereçada ao Papai Noel, Gabriel disse: "O que eu gostaria de pedir esse ano, dinheiro não pode comprar. Gostaria que minha irmã Ana pudesse ouvir sem aparelho. Mas não é possível. Gostaria que as coisas não fossem tão caras, pois daria para comprar as peças do aparelho pra ela ouvir sempre. E assim meu pai não teria que trabalhar tanto como ele trabalha, pois as coisas seriam mais baratas.
O ouvir pra Ana, é melhor que qualquer brinquedo de presente. Rio Branco - Acre.
Gabriel Angel - 9 anos".

As palavras de Gabriel comoveram Marivaldo e Jackline, pai e mãe do garoto. A carta foi escrita na sexta-feira, 6. A criança foi estimulada pela professora da creche onde ele estuda no bairro Tancredo Neves, em Rio Branco, a pedir um presente de Natal ao Papai Noel. A turma toda escreveu ao bom velhinho.

CARTA 02

"Ele perguntou à mãe dele o que era pra escrever e a mãe dele falou pra ele pedir alguma coisa pra ele. Aí ele foi e escreveu a carta pedindo pra Ana ouvir melhor, ouvir sempre, pra eu não ter que trabalhar tanto. Foi isso que me comoveu", relata o pai emocionado.

Gabriel mora com o pai, Marivaldo de Paula; a mãe, Jackline; a irmã, Aninha; e o irmão, Teori, de um ano, no bairro Vila Acre, em Rio Branco.

Marivaldo é professor. Como descreve a carta carregada de sentimentos e emoção, ele precisa trabalhar muito para manter as despesas do implante da filha.

O dispositivo foi colocado em Ana em 2014. Há cinco anos, ela está ouvindo e fala com uma certa dificuldade. O aparelho que ajuda Aninha a ter condições de audição custa R$ 30 mil. Tem duração de um ano. Para manter as despesas, Marivaldo precisa trabalhar muito. Atualmente ele tenta por meio de um plano de saúde o custeio da metade do tratamento.

"Eu sei da minha luta diária, do meu sacrifício pra que ela continue ouvindo. Eu posso até não dar um lazer, mas a audição dela eu faço o que eu puder", diz Marivaldo.