..::data e hora::.. 00:00:00
gif banner de site 2565x200px

Outras notícias

Padre é indiciado por suspeita de estupro em paróquia no Acre; ele nega

Padre é indiciado por suspeita de estupro em paróquia no Acre; ele nega

O padre Fábio Amaro, que atuou em várias paróquias do Acre, foi indiciado pela Polícia Civil do estado por suspeita de abuso sexual. Os crimes teriam sido praticados entre 2008 e 2009, quando o suspeito era pároco em Rio Branco. Na época, o sacerdote teria abusado de um adolescente, que tinha entre 15 a 16 anos, e de uma jovem, de 18, que frequentava a igreja e se confessava com ele.

Com exclusividade, a Rede Amazônica Acre conversou com as vítimas, que não serão identificadas na reportagem. Todas frequentavam a igreja católica e tiveram o sonho de seguir carreira cristã destruído.

Apesar das duas denúncias, o padre responde criminalmente apenas pelo estupro do rapaz. Segundo a Polícia Civil, o crime praticado contra a jovem prescreveu. Atualmente, ele mora em Pernambuco e foi ouvido na delegacia da cidade de Arcoverde (PE) a pedido da Polícia Civil do Acre.

Em depoimento, ele negou conhecer as vítimas e alegou também desconhecer até o acordo que fez com o bispo Dom Joaquín Pertiñez.

No estado pernambucano, o padre estava ligado a uma instituição sem fins lucrativos que trabalha com projetos sociais de ressocialização. Após prestar depoimento, ele teria pedido desligamento.

A reportagem tentou contato com o padre diversas vezes, sem sucesso. Em uma dessas tentativas, uma mulher se identificou como mãe dele e informou que o filho tinha viajado em busca de emprego e que não sabia a data de retorno.

Denúncias

O rapaz que denunciou o padre, atualmente com 30 anos, contou que participou de um encontro da igreja católica e teria ouvido uma colega dizer que tinha sido aliciada por um padre. Sem saber ao certo do que se tratava, ele teria comentado com um amigo, e a informação chegou até o padre Fábio Amaro. A partir de então, segundo ele, o sacerdote teria passado a ameaçar e a abusar dele.

"Ele tirava a roupa, tirava minha roupa e, muitas vezes, fazia eu pegar nas partes íntimas dele, assim como pegava nas minhas e toda vez que pedia para ele parar, dizia: 'o que você falou de mim foi um crime e se você não fizer o que eu mandar, falar para alguém, vou processar sua família, você é menor e quem vai responder é sua família. Coloco seu pai e sua mãe na cadeia e tiro tudo deles'", detalhou.

A vítima destaca que os abusos aconteciam no quarto, dentro da paróquia, pelo menos três vezes na semana. Os crimes teriam sido praticados durante dois anos até o jovem entrar em um seminário e ficar praticamente isolado do mundo externo.

O isolamento foi visto também como uma forma de escapar dos abusos praticados pelo sacerdote. “Pensei: lá no seminário religioso ele não poderia ir, mas, ao mesmo tempo, ficava na minha mente que eu poderia encontrar outros padres ali dentro iguais a ele. Essa era minha única saída, não poderia compartilhar isso com ninguém", recordou.

Diocese soube de abusos e exigiu renúncia

A Diocese de Rio Branco disse que assim que teve conhecimento das denúncias contra o padre pediu o afastamento dele na época. À reportagem, o bispo Dom Joaquín Pertiñez explicou que, ao saber dos casos, confrontou o padre, que confirmou os crimes, e então o suspeito foi avisado de que teria que renunciar ou seria excomungado.

Ainda segundo o bispo, o padre decidiu pedir a renúncia e justificar que precisava mudar de estado por conta da morte do pai.

“Nós tivemos uma conversa séria e eu disse a ele que se não renunciasse eu pediria a expulsão dele. E dias depois ele fez uma carta de renúncia e disse que ia para terra dele, cuidar da mãe, porque o pai tinha morrido”, relembrou dom Joaquín.

Sobre o caso não ter chegado na época à Polícia Civil, Dom Joaquim justificou que existe um protocolo do Vaticano que orienta as vítimas a escrever a denúncia de próprio punho em uma carta para que ele vá até a polícia.

Conforme o religioso, as vítimas foram orientadas a fazer essa denúncia, contudo, não quiseram seguir com o caso na época.

Sonho de ser freira

A segunda vítima que a reportagem teve acesso tinha 18 anos na época. O religioso teria pegado o número de telefone dela durante uma confissão e se aproveitado da informação que ela deu em segredo: o sonho de ser freira. Para se aproximar da vítima, ele prometeu ajudar.

Em uma ligação, o padre teria pedido para a jovem encontrá-lo após a missa das 17h na catedral que iria levá-la para conhecer o convento. Porém, a viagem tomou outro destino e a vítima foi abusada pelo padre dentro do carro.

“A gente entrou em um carro, só que não me levou no convento, começou a andar em ruas desertas. Lembro muito a gente andando na Estrada do Calafate e na Estrada do Amapá. Ele ficava passando a mão nas minhas pernas, me cheirando, roçando a barba no meu pescoço e dizia que era uma pessoa muito carinhosa, que não era para eu confundir, que era assim tanto com homens e mulheres", relembrou.
Além das ruas com pouca movimentação, o padre Fábio Amaro trazia os adolescentes para igreja que congregava, que fica na Baixada da Sobral, região periférica de Rio Branco. As vítimas relatam que, na época, o padre tinha um quarto dentro da paróquia onde cometia todas as formas de abuso.