O rio dos extremos
A sequência de eventos climáticos extremos tem sido cada vez mais comum no Acre nos últimos anos. As cheias e secas são um exemplo. Entre agosto e setembro do ano passado, o rio Acre ficou durante 40 dias abaixo de 2 metros, o que deixou ao menos 17 mil pessoas em Rio Branco sem abastecimento de água, bancos de areia ao longo do manancial e lixo às suas margens. Quase seis meses depois, outro extremo: o mesmo rio ultrapassando os 17 metros na capital, isolando comunidades, atingindo famílias em mais de 40 bairros, desabrigando e desalojando milhares de pessoas.
Ao Notícias da Hora, o professor Foster Brown, pesquisador do Centro de Pesquisa em Clima Woodwell, EUA, e pesquisador ambiental na Ufac, não tem dúvidas que o rio Acre em Rio Branco ainda vai chegar aos 20 metros. Ele aponta para a régua do Serviço Geológico do Brasil instalada no Calçadão da Gameleira, ao lado da ponte Juscelino Kubitschek, e diz lamentando: “Se vai ser o ano que vem, daqui 20, 30 anos não sei, mas estamos no caminho de intensificar os extremos. Cada estamos liberando 40 gigas de toneladas de CO2 na atmosfera . Aumentando a quantidade de CO2, a gente aumenta a tendência de eventos extremos”.
O rio Acre está em plena vazante, após sua segunda maior cheia desde 1971. Na manhã deste sábado (9), às 6 horas, o manancial na capital chegou a 16, 20 metros. Baixou quase um metro em 24 horas. Ontem pela manhã o rio estava com 17, 18 metros.