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Produtores rurais do Juruá participam de capacitações sobre indicação geográfica da farinha de Cruzeiro do Sul

Produtores rurais do Juruá participam de capacitações sobre indicação geográfica da farinha de Cruzeiro do Sul

As boas práticas de fabricação de farinha de mandioca voltadas para a qualidade e segurança do consumidor na casas de farinha e derivados da mandioca foram o foco de capacitações realizadas pela Embrapa Acre em Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Porto Valter e Cruzeiro do Sul no mês de agosto.

O trabalho efetuado é voltado para o fortalecimento da Indicação Geográfica (IG), selo concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A Central Juruá, cooperativa de produtores de farinha, atuou em conjunto com a Embrapa, o Sebrae e outras instituições, para obtenção do selo. Com a produção de farinha de forma artesanal, um ponto chave é a questão da qualidade no modo de preparo e a busca dos produtores por um padrão mais homogêneo para o produto.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Acre, Marcus Arthur Vasconcelos, a ideia da ação foi compartilhar informações sobre boas práticas de fabricação e sobre a indicação geográfica da farinha de Cruzeiro do Sul. “Uma forma de elevar o valor do produto seria através de um trabalho comunitário para padronizar as práticas de fabricação e manter constante a qualidade do produto. Em muitos casos a saca de farinha com 50 quilos é comercializada com preços entre R$35,00 e R$50,00, já alguns produtores que praticam uma produção com conceitos das boas práticas de fabricação, a saca chega a custar R$82,00”, afirma.

Os cursos foram realizados de forma participativa com conceitos e exemplos que ocorrem com frequência nas casas de farinha da região do Juruá. Os produtores de farinha devem fortalecer o selo da Indicação Geográfica e prezar pela qualidade", afirma Marcus.

Valor do conhecimento

Para o produtor Vanisio Oliveira de Souza, de Cruzeiro do Sul, o curso é uma oportunidade de obter mais informações sobre a produção de farinha. “Teremos maiores chances de vender por preços melhores se tivermos mais valor agregado ao nosso produto. Esse é um passo muito expressivo para nós, porque mais conhecimentos serão adquiridos para termos uma mercadoria de qualidade”, relata.

A capacitação é uma forma de reforçar e aplicar o que já se sabe sobre higiene, além de transmitir credibilidade para os consumidores do produto. “Sabemos que devemos ter cuidado com tudo que é utilizado no processo da farinhada. Então, com o curso vamos mostrar que temos competência e que sabemos fazer farinha de qualidade, com certeza isso motiva qualquer pessoa a comprar”, pontua Elson Pereira Ferreira, produtor e presidente da Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores Rurais de Cruzeiro do Sul (Camprucsul).

Mandiotec

Os cursos fazem parte do projeto “Tecnologias para o fortalecimento da produção sustentável de mandioca por produtores familiares na Amazônia- MandioTec, que tem o objetivo de promover a apropriação de tecnologias e conhecimentos para o aumento da produtividade e renda da mandioca, com agregação de valor aos produtos derivados e produzidos na região Amazônica. A iniciativa compõe o Projeto Integrado da Amazônia, executado com recursos do Fundo Amazônia, operacionalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS).

As atividades do Mandiotec visam ainda disponibilizar conhecimentos sobre estratégias diferenciadas de manejo e conservação do solo como alternativa ao sistema tradicional da agricultura na Amazônia (sistema de derruba e queima). “Todo esse esforço visa agregar valor à mandioca para melhorar a renda e a qualidade de vida dos produtores rurais e dessa forma diminuir a abertura de novas áreas e a pressão pela floresta”, explica Vasconcelos.

As ações serão realizadas pela equipe técnica da Embrapa Acre (Rio Branco, AC), da Embrapa Roraima (Boa Vista, RR), da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) e da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus, AM). Além de contar com ampla participação de diversas instituições públicas e entidades vinculadas a cadeia produtiva da mandioca nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Roraima, Rondônia, Maranhão e Mato Grosso.

Mandioca

A mandioca é cultivada em todos os estados brasileiros e destaca-se por seu tradicional uso na alimentação humana e animal e por sua crescente utilização como matéria-prima em diversos setores industriais. Na região Norte do Brasil é a cultura mais importante dentre as lavouras temporárias, e, em 2017, apresentou um valor de produção de 3,95 bilhões, correspondendo a 35,33 % do valor da produção da mandioca no Brasil (11,19 bilhões). Nessa atividade há uma predominância de produtores familiares com dificuldades de acesso a tecnologias e à infraestrutura adequada para produção.

Nesse contexto, o resultado das ações do projeto MandioTec pretendem contribuir com a introdução de novas cultivares de mandioca, a disponibilização de conhecimentos sobre estratégias diferenciadas de manejo e conservação do solo inibindo à prática de corte e queima da vegetação, o aumento da produtividade, a agregação de valor aos produtos derivados da mandioca e melhoria da qualidade e o fornecimento de subsídios às políticas públicas que visam o desenvolvimento sustentável da produção de mandioca no bioma Amazônia.