“Sendo eu ainda novo, e com pouca experiência, passei por dificuldade, muito comum naquela idade, pela falta de vivência”. Os versos fazem parte do poema Sonho e Realidade, do professor e escritor Sérgio Roberto da Silva, docente da rede pública de ensino do Acre, que leciona no quarto ano da Escola de Ensino Fundamental Belo Jardim, no Ramal da Zezé, em Rio Branco. O poema integra o livro Rios de Poesia – Um Passeio na Memória.
A obra é uma autobiografia e conta, em seu contexto, parte da história do Acre e da Amazônia, os modos e vivências dos seringueiros e ribeirinhos, além de fazer uma contextualização dos problemas sociais e econômicos enfrentados pela gente amazônida, como o próprio autor.
Para o autor, que já escreveu outros dois livros, Reminiscências e Pequenos Escritores, chegar onde está não foi fácil. Sérgio Roberto morou em diversos seringais durante a infância. Récem-nascido, foi morar no alto Abunã, já em terras bolivianas, e com apenas quatro anos foi acometido de uma forte malária, tendo que se transferir para Rio Branco.
Na capital, iniciou os estudos, mas aos 12 anos foi obrigado a abandonar a sala de aula e retornar para a vida na floresta. Novamente acometido de malária, voltou para a cidade. Tudo porque ele acompanhava o pai na abertura de novos seringais em vários municípios acreanos.
“Tive uma infância muito difícil, longe da família e realizando trabalho braçal, o que não desejo para ninguém, mas fato é que aprendi muito e posso garantir que tudo isso contribuiu para que me tornasse uma pessoa de bem”, relata.