Noeli Juncundo Andrade, a agente administrativa do Pronto-socorro de Rio Branco que declarou em uma postagem no Facebook que a criança de 10 anos estuprada pelo tio no Espírito Santo "gozou durante 4 anos", disse ao ao G1, nesta sexta (21), que foi infeliz em sua declaração.
“Quando vi a postagem que a menina tinha feito o aborto, que há quatro anos vivia abusada e engravidou, fiquei transtornada e falei que ‘depois de quatro anos não denunciaram o estupro’. Foi estupro porque ele é um monstro, deve estar na cadeia e passar o resto dos dias na cadeia, na minha convicção como serva de Deus, mas deveriam ter denunciado durante esses quatro anos”, afirmou ela ao G1.
Após a repercussão do caso, a Secretaria de Saúde do Estado afirmou que iria a apurar o fato.
O Ministério Público do Estado do Acre, através do Centro de Atendimento à Vítima (CAV), encaminhou aos seus órgãos internos pedidos de providências em relação à publicação.
O caso
O caso da menina de 10 anos se tornou público depois que ela deu entrada no Hospital Roberto Silvares, em São Mateus, no Espírito Santo, se sentindo mal. Enfermeiros perceberam que a garota estava com a barriga estufada, pediram exames e detectaram que ela está grávida de cerca de 3 meses.
Em conversa com médicos e com a tia que a acompanhava, a criança relatou que o tio a estuprava desde os 6 anos. Ela disse que não havia contado aos familiares porque tinha medo, pois ele a ameaçava.
O juiz Antonio Moreira Fernandes, da Vara da Infância e da Juventude de São Mateus, município no norte do ES onde a menina mora, deu aval à interrupção da gravidez para preservar a vida da vítima, que foi levada para Recife, já que no Espírito Santo o atendimento do hospital autorizado a fazer o aborto teria se recusado. A legislação autoriza a interrupção da gravidez em caso de estupro.