As casas e comércios que ficam na avenida Marechal Deodoro, às margens do rio Envira, em Feijó, estão sendo engolidos pela erosão no fenômeno que, na Amazônia, é conhecido como “terra caída”, quando grandes porções do solo vão abaixo durante o período de vazante dos rios.
Com o fim dos meses de chuvas - chamado de “inverno amazônico” pela população local - o nível dos rios começa a descer. Com essa redução, o solo que estava encharcado desmorona, causando transtornos e prejuízos para os moradores. Ainda não há casos de pessoas que tenham sido soterradas.
O problema acontece há pelo menos 15 anos, mas se intensificou nos últimos dois. De 2017 para cá ao menos 30 famílias tiveram que deixar os locais onde moravam. O bairro mais afetado é o Aristide, que desde que agora tem apenas um pequeno pedaço de ruas das duas que possuía.
A avenida Marechal Deodoro, que cruza a região central da cidade, também está comprometida, assim como a Epaminondas Martins. A tendência é que mais imóveis sejam afetados nos próximos meses, à medida em que as chuvas reduzam a intensidade, e o nível do Envira baixe.
O senhor José Thaumaturgo já perdeu três terrenos que tinha no bairro Aristide. ”O rio levou tudo. O jeito é morar debaixo da ponte. Meu dinheiro acabou comprando terreno e o rio levando tudo”, afirma ele.
“Quem mora na Amazônia, e na beira dos rios da Amazônia, sabe que quando isso acontece [desbarrancamento] destrói casas, destrói a economia das famílias”, afirma o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), que no fim de março esteve em Feijó conhecendo de perto a realidade dos atingidos.
Ele defende uma ação conjunta entre a Defesa Civil Estadual e as prefeituras de todos os municípios afetados pelo problema. A meta é encontrar uma solução, garantindo que essas famílias possam morar em locais seguros, sem riscos para as suas vidas.