A família do jovem Marcos Douglas Oliveira, de 29 anos, que foi encontrado morto no Bairro da Escola Técnica em Cruzeiro do Sul, na noite deste sábado (16), reclama que o corpo dele passou a madrugada dentro do veículo do Instituto Médico Legal (IML). Os familiares relatam que ao receberem a notícia da morte, tiveram que percorrer várias instituições da segurança pública e saúde, até confirmar a informação sobre o paradeiro do corpo.
De acordo a agente de saúde, Cátia de Oliveira Pinheiro, de 31 anos, que é prima do jovem, foram momentos de angústia com a notícia da morte agravada pela a falta de informação. “Eu ao lado da mãe dele e o irmão estivemos no hospital, IML, Instituto de Criminalística, Delegacia Geral e ainda entramos em contato com o SAMU. Já não sabíamos mais o que fazer. Até que conseguimos contato com um funcionário do IML, quando ele informou que o corpo do meu primo ainda estava dentro do veículo, estacionado no pátio da delegacia geral, mas nem o policial de plantão sabia dessa informação”, relatou.
Segundo Cátia, o corpo permaneceu dentro da viatura sem refrigeração por mais de seis horas. “Por volta das 8h da manhã, o médico legista veio e realizou um exame no corpo, ali dentro da viatura e, pois, a causa da morte como indefinida. A gente se sente indignada porque fica uma coisa meio sem explicação e não temos culpa em não ter um local adequado para o trabalho do IML. O que não queremos é que outras pessoas passem pelo que nós passamos nesta madrugada”, explica.
O delegado Vinícius Almeida que coordena a Polícia Civil na região do Juruá, disse que o atendimento no IML foi suspenso com urgência. O instituto funcionava junto com o necrotério do Hospital do Juruá, para onde estão sendo levadas as pessoas que morrem em consequência ou suspeita da Covid-19. O delegado explicou que o único servidor que atua como auxiliar de necropsia faz parte do grupo de risco.
Ainda segundo Almeida, por enquanto, os corpos que necessitarem do serviço do IML terão que permanecer no veículo onde serão vistoriados pelos legistas e em seguida liberados. “Quem trabalha no IML, todos os dias está nas delegacias, realizando exames de corpo de delito em presos, e isso colocaria em risco todos os policiais. Uma realidade nova que temos que enfrentar e por enquanto não vemos outra alternativa”, conclui o delegado.
O caso
Marcos Douglas Oliveira foi encontrado morto por um entregador que foi pessoalmente informar os socorristas do SAMU. No momento, a cidade estava em mais uma pane com o serviço de telefonia móvel e internet. O rapaz foi encontrado caído ao lado da motocicleta que ele pilotava. Segundo o médico Fábio Pimentel, coordenador local do IML, o corpo não apresentava lesões ou marcas de violência. A família disse que Marcos Douglas vinha reclamando de constantes dores no peito, mas vinha evitando ir às unidades de saúde pelo medo de contaminação pelo novo coronavírus.